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Brasil “O meu telefone tem mais grampo que varal de favela”, disse o deputado Marcelo Freixo, após a morte de Marielle

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O deputado diz que não dorme desde o assassinato de Marielle Franco. (Foto: reprodução Facebook)

Marcelo Feixo não dorme bem há 20 dias. O deputado estadual de 50 anos, diz que, desde o assassinato da amiga, a vereadora Marielle Franco, “a cabeça não para de rodar”. Abatido, com os olhos marejados e a segurança reforçada, ele descarta ser candidato a governador não só por causa da cláusula de barreira. Se ficar sem mandato em período de campanha perde a proteção do Estado. “Com a quantidade de ameaças que recebo, teria que deixar o país”, afirma. Confira a entrevista ao jornal O Globo:

Como tem ajudado na investigação do caso Marielle? Fala com o delegado diretamente?

Não falo mais nada pelo meu telefone, que tem mais grampo que varal de favela. Tenho contato permanente com o delegado Fábio Cardoso, da Homicídios. Nos falamos de dois em dois dias, pessoalmente. Quem trabalha com Direitos Humanos no Rio, infelizmente, trabalha com morte.

Por que Marielle morreu?
Pela política, foi um crime encomendado. Mataram com profissionalismo, sabiam que as câmeras estavam desligadas, que podiam ficar duas horas dentro de um carro, com armas, sem medo de serem abordados. Há linhas de investigações que passam pela Câmara, mas não temos a menor ideia do motivo porque ela nunca sofreu nenhuma ameaça.

Tem dormido bem? Toma remédio?

Não tomo. Mas tenho dormido mal, acordo muito à noite, minha cabeça não para de rodar. Lembro da cena da minha mãe abraçando a dona Marinete (mãe de Marielle) e dizendo “sei o que você está sentindo”.

Se responsabiliza pelo que aconteceu?

Claro. É o que mais tenho que trabalhar dentro de mim. Não fui morto não só porque sou homem branco. Depois da CPI das Milícias, ganhei visibilidade, fui muito ameaçado. Agora, tive que reforçar a segurança e tomar mais cuidado com a rotina. Enquanto não sabemos quem fez e qual a motivação do crime, viveremos com medo. Mas há uma gana de resposta. As denúncias sobre milícia triplicaram na Comissão de Direitos Humanos. O prefeito de Nova York ligou perguntando como poderia homenagear Marielle.

Seus filhos têm medo?

Nunca ameaçaram minha família. Isadora, de 19 anos, e João Pedro, de 27, passaram boa parte da vida vendo o pai sob proteção.

Antonia, sua mulher, é uma feminista aguerrida. Há quanto tempo estão juntos? Teve que mudar comportamentos antigos?

Todo homem é meio machista. Abro a porta do carro, mas a razão original é porque ele é blindado e a porta é pesada. Antonia diz que não há problema desde que não seja para compensar uma atitude machista, para colocar a mulher no papel de frágil. Estou sendo desconstruído diariamente, é libertador. Namoramos há um ano e nos casamos há um mês.

A morte de Marielle abriu ainda mais o abismo ideológico entre direita e esquerda?
A morte da Marielle traz o debate de direitos humanos para um front que divide a sociedade entre democracia e barbárie. Não foi movida por ideologia, isso não é direita e esquerda. O que fizeram com ela depois da morte, dizendo que era isso e aquilo, a desembargadora, o xingamento ao padre… Isso é barbárie. O fascismo não é no campo da democracia, é a negação dela.

Tiros na caravana do Lula, ameaças ao ministro Fachin… É grave a violência política?
É barbárie! Sobre a caravana do Lula, é ruim a fala do Alckmin (
“PT colhe o que planta”) e do Doria (“o PT sempre utilizou da violência, agora sofreu da própria violência”). A social democracia não pode flertar com o fascismo. Tem que haver condenação, exigência de investigação. A morte da Marielle não é um problema do PSOL. O prefeito de Nova York me ligou para saber o que pode fazer.

Acredita que a legalização das drogas é o único jeito de acabar com a violência no Rio?

Sou a favor da legalização, é um debate mundial. A pergunta é quem vai controlar o comércio: o estado ou o crime? O caminho não é simples. A questão é redução de danos e saúde pública. Achar que vai legalizar as drogas, no dia seguinte as favelas vão estar empregadas e não vai haver mais violência é uma ilusão. É decisivo para o Brasil a reformulação das polícias.

Incomoda-se com o rótulo de queridinho da “esquerda festiva”?

Adoraria ir a mais festas, adoro gente, alegria, tenho senso de humor, brinco muito com a minha equipe. A esquerda não precisa ser chata. Melhor ser xiita do que “chaata”. Presidi duas CPIs, tenho ameaça a dar com o pau, fiz leis importantes, não sou superficial. Mas não abro mão da alegria e da festa. Quero é ser feliz.

 

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https://www.osul.com.br/o-meu-telefone-tem-mais-grampo-que-varal-de-favela-disse-o-deputado-marcelo-freixo-apos-a-morte-de-marielle/ “O meu telefone tem mais grampo que varal de favela”, disse o deputado Marcelo Freixo, após a morte de Marielle 2018-04-02
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