Domingo, 02 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2020
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, levou nessa segunda-feira (18) a Jair Bolsonaro a proposta de um novo protocolo para uso da cloroquina em pacientes de covid-19.
Como queria Bolsonaro, pelas novas regras, os médicos serão liberados para prescrever o medicamento em uma fase mais inicial da doença, e não apenas para casos graves, como acontece atualmente.
O esboço de protocolo estabelece dosagens máximas a serem aplicadas em determinado estágio da covid-19, para tentar evitar complicações nos pacientes.
O medico terá liberdade para o uso, e os pacientes que aceitarem fazer o tratamento com a cloroquina terão que assinar um termo de consentimento.
O novo protocolo do Ministério da Saúde para o uso da cloroquina em pacientes em estágios iniciais de infecção pela covid-19 deve ser anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento oficial nesta terça-feira (19). O anúncio estava programado para o último sábado (16), mas foi adiado.
O documento que oficializa o uso do medicamento no tratamento em rede pública de pacientes com quadros leves, aos primeiros sintomas da doença, tem sido uma determinação de Bolsonaro desde a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, contrário à medida.
Até o momento, o protocolo do ministério é a prescrição de cloroquina em pacientes graves em internação hospitalar com doses diárias de até 900 mg por dia. O ministério também abre a possibilidade de os médicos receitarem o remédio aos pacientes da forma que julgarem melhor.
Estudos
O uso da cloroquina por pacientes infectados com o novo coronavírus segue sendo estudado por vários países, mas pesquisadores ainda não conseguiram encontrar resultados conclusivos sobre sua eficácia no combate à covid-19. A conclusões também se aplicam à hidroxicloroquina, que é um derivado da cloroquina e guarda as mesmas propriedades, mas tem a toxicidade atenuada.
Uma das principais pesquisas sobre a efetividade da hidroxicloroquina no tratamento teve o resultado publicado no dia 11, na revista científica “Jama” (“Journal of the American Medical Association”).
O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Albany, no Estado de Nova York, não encontrou relação entre o uso do medicamento e a redução da mortalidade pela doença. Foram analisados 1.438 pacientes infectados com coronavírus, em 25 hospitais de Nova York.
A taxa de mortalidade dos pacientes tratados com hidroxicloroquina foi semelhante à dos que não tomaram o medicamento, assim como à das pessoas que receberam hidroxicloroquina combinada com o antibiótico azitromicina.
Ainda segundo os autores do estudo, os pacientes que tomaram a combinação de medicamentos tiveram duas vezes mais chances de sofrer parada cardíaca durante o período de análise. Problemas cardíacos são um efeito colateral conhecido da hidroxicloroquina.
Essa pesquisa, porém, não deve ser a última palavra sobre o uso da hidroxicloroquina contra o coronavírus, já que foi feita apenas com base em resultados de pacientes tratados ou não com a substância.
Nas pesquisas consideradas mais confiáveis, os pacientes com coronavírus são aleatoriamente designados para receber o medicamento ou para tomar placebos, que não têm efeito. As taxas de mortalidade entre os dois grupos são, então, comparadas.
Pesquisadores das universidades de Washington e Nova York, além de outras instituições, seguem testando a droga em pacientes.