Quem foi atrás do preço de carros novos nos últimos anos pode ter tomado um susto. A tabela média dos veículos subiu 125% desde 2016, índice bem acima da inflação do período, que foi de 63,9%. Mas há uma boa notícia: o ritmo de aumento no custo dos automóveis começou a desacelerar neste ano e já sobe menos que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Entre janeiro e outubro de 2025, o valor público dos carros novos aumentou 2,40%, para média de R$ 159.684. Enquanto isso, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), subiu 3,64%. Essa é a primeira vez em cinco anos que a inflação geral é superior à relacionada apenas ao carro. Os dados foram compilados pela consultoria Bright Consulting.
Para o COO da empresa, Murilo Briganti, essa movimentação reflete o acirramento da concorrência no mercado brasileiro. Com a chegada de uma série de novas montadoras, incluindo marcas chinesas com estratégias agressivas de preço, a média da tabela dos veículos acaba pressionada para baixo.
Briganti aponta que, desde 2016, o preço do carro mais do que dobrou, partindo de R$ 70.900 naquela época. Desde então, o incremento na tabela dos veículos foi de 10% ao ano em média. O crescimento, no entanto, não foi linear.
“Até 2019 ou reajustes anuais eram moderados. A partir de 2020 há forte aceleração, refletindo o choque de oferta da pandemia, a desvalorização cambial, o aumento de custos industriais e a demanda aquecida em descompasso com a oferta restrita”, observa.
Inflação
Em outra frente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 0,48% em setembro para 0,09% em outubro, um recuo de 0,39 ponto percentual (p.p.). Esse resultado é o menor para um mês de outubro desde 1998, quando foi registrado 0,02%. No ano, a inflação acumula alta de 3,73% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 4,68%. Em outubro de 2024, a variação havia sido de 0,56%. Os resultados foram divulgados na terça (11) pelo IBGE.
A energia elétrica é a principal influência negativa no índice do mês (-0,10 p.p.), com destaque para a energia elétrica residencial, que registrou queda de 2,39%. De acordo com Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, esse movimento é explicado pela mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para a bandeira vermelha patamar 1, com a cobrança adicional de R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos, ao invés dos R$ 7,87. Outros destaques negativos são as quedas no aparelho telefônico (-2,54%) e no seguro voluntário de veículos (-2,13%).
Na composição do IPCA de outubro, interrompendo uma sequência de quedas, o grupo alimentação e bebidas, que possui o maior peso na estrutura do indicador, apresentou praticamente estabilidade na média de preços, variando 0,01%. O índice não exerceu pressão no resultado geral da inflação e é o menor resultado para um mês de outubro desde 2017, quando foi de -0,05%. A alimentação no domicílio caiu 0,16%, com destaque para as quedas do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%). Dentre as altas, estão a batata-inglesa (8,56%) e o óleo de soja (4,64%).
“Isso, aliado à queda no grupo Habitação contribuíram para a desaceleração observada. A título de ilustração, o resultado do índice de outubro sem considerar o grupo dos alimentos e a energia elétrica ficaria em 0,25%, explica Fernando”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e do IBGE.
