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Por Redação O Sul | 25 de junho de 2015
A Polícia Federal mira o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), em nova fase da Operação Acrônimo, que investiga supostos desvios de recursos para campanhas do Partido dos Trabalhadores, realizada nesta quinta-feira (25).
Os investigadores pediram ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorização para realizar busca e apreensão na residência oficial do governador, mas o pedido foi negado. O tribunal também indeferiu solicitação para busca na sede do PT em Minas e no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Um dos alvos dos mandados de busca e apreensão da PF nesta quinta foi um imóvel em um prédio de Belo Horizonte onde funcionava o escritório de Pimentel durante a campanha de 2014. A residência particular dele fica ao lado, mas a PF não esteve no local.
No imóvel, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão em uma empresa que já pertenceu a Pimentel, a OPR Consultoria. Atualmente, ela é registrada no nome do filho de seu ex-sócio.
A OPR se chamava P-21 até 2012 e tinha sociedade composta por Pimentel e Otílio Prado. Pimentel deixou a sociedade no mesmo ano. No fim de 2014, Otílio transferiu a empresa para o seu filho, Alexandre Allan Prado, e foi nomeado assessor especial da Secretaria da Fazenda de Minas Gerais e conselheiro da MGS – empresa pública que presta serviços administrativos ao Estado.
Até 2011, ele era assessor especial da prefeitura de Belo Horizonte, comandada por Márcio Lacerda (PSB). Otílio teve que entregar o cargo após ser revelado a sociedade com Pimentel na P-21 e que ele recebeu 400 mil reais de uma empresa que tinha Alexandre Allan como sócio.
À época, Pimentel era ministro do Desenvolvimento.
Houve mandados de busca e apreensão em Brasília, São Paulo e no Rio, além de Minas Gerais. Não foram realizadas prisões.
Inquérito
Na semana passada, a PF solicitou ao STJ abertura de inquérito sobre o governador de Minas por suposto crime de “lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores”, como parte dos desdobramentos da Operação Acrônimo. O tribunal ainda não se manifestou se aceita ou não a abertura de inquérito.
Advogado de Pimentel, Antonio Carlos de Almeida Castro disse que esteve no STJ pedindo a atualização do inquérito, mas não conseguiu. Ele afirmou que o governador se colocou à disposição para esclarecimentos e criticou os pedidos de busca.
“Estamos falando do governador de Minas Gerais, não de uma pessoa qualquer. Claro que a investigação tem que ser feita, mas tem que ter racionalidade nos pedidos. Tudo isso é muito grave. Judiciário foi prudente neste momento.”
Agência
Houve busca e apreensão na agência de comunicação Pepper, que executa a comunicação do PT nas redes sociais e é responsável pela página não oficial de Dilma Rousseff no Facebook – atuou, inclusive, para a campanha de eleição da presidente em 2010. Ainda não se sabe o que motivou essa busca.
A agência continuará prestando serviços ao PT.
A operação prendeu, há algumas semanas, Benedito Rodrigues, o Bené, empresário próximo ao governador de Minas, Fernando Pimentel (PT). Bené foi solto logo em seguida.
A investigação sobre a atuação de Bené teve início em 2014, quando a PF apreendeu, a partir de uma denúncia anônima, mais de 100 mil reais em uma aeronave onde viajava o empresário e outras pessoas. A aeronave foi apreendida depois de decolar de Belo Horizonte e pousar em Brasília. O caso ocorreu durante a campanha eleitoral.
Bené é dono de empresas do setor gráfico e já firmou mais de 500 milhões de reais em contratos com órgãos federais entre 2005 e 2015, em especial os ministérios da Saúde, das Cidades e do Combate à Fome. Segundo a PF, há uma “confusão patrimonial” e indícios de lavagem de dinheiro com o uso de “laranjas”.
A PF também afirma ter encontrado documentos que trazem indícios de que Bené teria atuado no caixa dois da campanha que elegeu Pimentel em Minas. Uma tabela impressa em duas páginas traz a inscrição “Campanha Pimentel”, segundo a PF.
As empresas vinculadas a Bené trabalharam na campanha de Pimentel, tendo sido remuneradas em 3,2 milhões de reais por meio do comitê financeiro estadual do PT.
Outro lado
O governo de Minas afirmou, em nota, que a ação da PF é a “extensão da arbitrariedade cometida anteriormente”, quando um apartamento da mulher de Pimentel, a jornalista Carolina Oliveira, foi alvo de ação da Polícia Federal.
“Com base somente em ilações e deduções fantasiosas, essa investigação prossegue eivada de irregularidades, tanto que os pedidos para a realização de busca e apreensão nas sedes do governo de Minas Gerais, na residência oficial e na residência particular do governador, e ainda em relação a sua esposa, foram negados pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, por considerá-los desarrazoados”, diz a nota do governo mineiro.
“O governador e sua esposa reafirmam sua confiança na Justiça e colocam-se, como sempre estiveram, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento, o que torna desnecessária e abusiva a reiterada tentativa de utilizar esse tipo de medida policial.”
Ainda segundo o governo de Minas, serão tomadas todas as providências para assegurar “o respeito ao direito individual, à legalidade e à autonomia federativa” para “coibir o abuso e a arbitrariedade na condução do inquérito policial”. (Folhapress)