Quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de junho de 2017
O PSDB afirmou ser um “absurdo” qualificar como propina as doações recebidas pelo partido da empresa JBS. A legenda destaca que fazia oposição no plano federal e não deu qualquer contrapartida ao grupo. Diz ainda desconhecer doações feitas a outros partidos.
Em nota, o partido rebate a entrevista do dono da JBS, Joesley Batista, que fez acusações à legenda afirmando que houve pagamentos por caixa 2, notas frias e pagamentos a partidos que deram sustentação à coligação do senador afastado Aécio Neves, candidato tucano em 2014.
“Conforme dito pelos próprios delatores, a JBS doou cerca de R$ 60 milhões para as campanhas do PSDB em 2014, sendo parte para a campanha presidencial e parte para campanhas estaduais, como está devidamente registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Jamais houve qualquer contrapartida para essas doações feitas a um partido de oposição à época, o que torna absurdo caracterizá-las como propina. Quanto às doações feitas a outros partidos, o PSDB as desconhece, não tendo, portanto, qualquer informação a oferecer”, afirma a nota do partido.
Joesley afirma na entrevista que sua delação teve a intenção de demonstrar que a forma de operar de Aécio Neves, então presidente do PSDB, era a mesma do presidente Michel Temer.
O dono da JBS contou ter feito pagamentos a partidos para que fizessem aliança com o tucano em 2014.
Na delação da JBS há ainda o pagamento de R$ 2 milhões para um emissário de Aécio feito em abril depois de uma conversa do próprio empresário com o senador tucano.
Leque de doações
De 2006 a 2014, a JBS doou dinheiro a 28 partidos, mas apenas três deles concentraram quase dois terços das milionárias doações do período: PT, PSDB e PMDB.
Os números estão em uma planilha entregue pela empresa em sua delação premiada. A tabela entregue pela JBS à PGR (Procuradoria-Geral da República) registra repasses de astronômicos R$ 495 milhões a partidos políticos.
Deste valor, 63% ficou com PT, PMDB e PSDB. O PT recebeu, segundo a JBS, R$ 172,2 milhões e é o partido com maior volume de repasses da empresa. O PSDB vem em seguida, com R$ 79,6 milhões. Em terceiro está o PMDB, com R$ 58,5 milhões.
Além de PT, PSDB e PMDB, a planilha da JBS mostra repasses aos seguintes partidos: DEM, PCdoB, PDT, PEN, PHS, PMN, PP, PPL, PPS, PR, PRB, PROS, PRP, PRTB, PSB, PSC, PSD, PSDC, PSL,PTdoB, PTB, PTC, PTN, PV e SD.
“Nós fizemos doações oficiais de R$ 400 milhões, e mais cerca de R$ 100 milhões em notas fiscais frias”, contou Joesley Batista, em linha com os R$ 495 milhões da planilha.
A tabela não deixa claro que parte dos valores informados se refere a doações legais – ou seja, informadas ao TSE – e o que seria caixa 2.
Para o dono da JBS, aparentemente isso não faz tanta diferença. Em depoimento de delação premiada, ele disse que mesmo as doações oficiais são “propina disfarçada de campanha política”.