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Geral Reconstrução do RS vai exigir ao menos 90 bilhões de reais

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A tragédia não tem precedentes no Brasil e não há ainda dimensão exata da destruição do estoque de ativos. (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

O tamanho da economia gaúcha e a magnitude do desastre levam especialistas a estimar que o socorro envolvendo a reconstrução do Rio Grande do Sul demande em torno de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões, ou até mais. São estimativas preliminares que carregam incertezas e usam as informações disponíveis até o momento, além de referências internacionais, dado que a tragédia não tem precedentes no Brasil e que não há ainda dimensão exata da destruição do estoque de ativos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou ontem medidas no total de R$ 51 bilhões, com impacto perto de R$ 7,7 bilhões no resultado primário. Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), divulgou R$ 19 bilhões como cálculo inicial para reconstrução do Estado.

Pelas projeções preliminares do economista Claudio Frischtak, sócio da Inter.B, a reconstrução do estoque de capital destruído no Estado deve demandar pelo menos R$ 90 bilhões. A conta considera, entre outros, os diversos modais de transporte, além de infraestrutura elétrica e de saneamento, ainda que sob concessão de capital privado. Seguindo padrão internacional para contabilização de estoque de ativos, diz, a conta não inclui infraestrutura urbana, como pavimentação de ruas nem residências particulares e parques fabris, por exemplo.

O cálculo de Frischtak considerou que o estoque de capital em todo o país é da ordem de 36% do PIB. Considerando a proporção da população gaúcha, que é 5% da do total do Brasil, presumiu-se que a o estoque de infraestrutura física do Estado equivale a 1,8% do PIB. “Se considerarmos que metade da infraestrutura do Estado foi fortemente danificada e terá que ser reconstruída, temos demanda de cerca de 0,9% do PIB.” Ou seja, diz, mais de R$ 90 bilhões.

Frischtak pondera que não há noção precisa dos danos. “Além disso, a renovação da infraestrutura precisará considerar a resiliência às mudanças climáticas, algo que não era grande preocupação há 15 anos, o que pode gerar custo adicional.” O fato de o desastre ser algo sem precedentes no país também deve ser considerado, diz.

Fernando Fenolio, sócio e economista-chefe da Wealth High Governance (WHG), observa que grandes catástrofes naturais em outros países geraram impacto de gastos também grandes. Trabalho do FMI, cita, aponta que a resposta de governos a 29 desastres naturais gerou gasto médio próximo a 1,6% do PIB. Para ele, a tendência é que os números anunciados no Brasil sejam revistos para cima. Algo próximo de R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões, entre 1% e 1,5% do PIB, por exemplo, seria mais factível.

“Falou-se em R$ 10 bilhões, Haddad trouxe R$ 50 bilhões, daqui a uma semana pode ser mais”, diz Fenolio. “Não é só reconstruir o Estado, rodovias e aeroporto. É preciso prevenir. Parece que o Rio Grande do Sul está em uma posição complicada nessa questão climática. Então será preciso muito investimento nisso também.”

Em relatório sobre os impactos econômicos do desastre, o Bradesco destaca a difícil mensuração dos danos em estruturas físicas. Os setores com maior potencial de perdas nesse sentido, indica, são o agropecuário, indústria e transportes. “O risco é que nem todas as estruturas produtivas destruídas pela enchente sejam reconstruídas, especialmente em setores que enfrentam dificuldades competitivas, implicando em perdas que podem ser mais duradouras. Por outro lado, setores econômicos podem se tornar mais competitivos se a reconstrução levar a ganhos de produtividade graças à modernização da infraestrutura física pública e privada ou à melhor alocação de capital.”

Egresso de uma família há três gerações no Rio Grande do Sul e residente em Porto Alegre, Jairo Procianoy, professor de finanças e governança da Fundação Dom Cabral, acredita que a conta da reconstrução deve ficar mais perto dos R$ 90 bilhões do que dos R$ 19 bilhões divulgados pelo governador do Estado. Para ele, a visão de Leite ainda está, naturalmente, mais focada nas medidas de urgência, de “curtíssimo prazo”.

“A prioridade agora é salvar vidas, dar comida e abrigo, o que está certo. Mas além do curtíssimo prazo, é preciso pensar também no curto prazo, no que acontecerá daqui a dois ou três meses.” Isso, defende, precisa ser feito nos próximos 30 a 45 dias. É preciso, diz Procianoy, estabelecer plano de prioridades. “Por exemplo, quais estradas precisam ser restabelecidas antes?” Também é preciso organizar como serão construídos pontilhões para ligar áreas que ficaram isoladas. “Isso não é para agora, é para quando a água baixar.” Mas é preciso planejar, diz. “Senão ficaremos no ‘urgentíssimo’ por muito tempo e a tolerância das pessoas vai acabando.” As informações são do jornal Valor Econômico.

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