Quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2020
Entre idas e vindas, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Paulo Guedes (Economia) trocaram mensagens até a semana passada. Depois disso, o telefone emudeceu. A relação dos dois, que já se deteriorava desde a reforma da Previdência, quando Maia tomou para si o protagonismo da aprovação, desandou no Orçamento impositivo e inflamou com o socorro aos estados. A visão na Economia é a de que Maia age como líder do DEM com o objetivo de ajudar eleitoralmente aliados nas cidades.
O projeto de ajuda aos estados foi a gota d’água na relação, pois Jair Bolsonaro, subsidiado por Guedes, viu-se alijado da política, vendo Maia oferecer benesses em nome da União aos estados.
Para aliados de Maia, Guedes se ressente da perda de holofotes em temas econômicos. No caso dos estados, a briga tem como pano de fundo a resistência em ajudar João Doria (PSDB-SP) contra o coronavírus, o que é indispensável.
A auxiliares, Guedes tem dito que Maia tentou um assalto aos cofres da União e que perdeu a confiança no presidente da Câmara a ponto de avaliar se não é o caso de proibir sua equipe de enviar informações a ele. O ministro busca saber tudo o que Maia anda falando e pedindo. Diz temer dar munição para o deputado atirar de volta.
Congresso
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), divulgou em suas redes sociais neste sábado, 18, uma campanha sobre medidas tomadas pelo Congresso durante o combate da crise da covid-19. A ação ocorre dois dias depois dos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao deputado.
Com a chamada “Contra o coronavírus, o Congresso age, não discute”, Maia divulgou cartazes sobre projetos que já foram aprovados pela Câmara dos deputados desde o início da crise, em março. Entre as propostas, a ampliação da validade de receitas médicas durante a pandemia, a proibição de exportação de respiradores e a regulamentação da telemedicina.
Maia cita também o projeto de socorro aos Estados, o qual que fez com ele rompesse a relação com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e que ainda precisa ser aprovado pelo Senado.
O deputado incluiu na lista ainda o corte de gastos de R$ 150 milhões nas despesas da Câmara, anunciado no dia 7 de abril. Na lista de cortes estão viagens de parlamentares, horas extras de servidores, além de suspensão de obras e reformas que ainda não tenham sido iniciadas.
Bolsonaro abriu fogo contra Maia na última quinta-feira, após demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS). Em entrevista à rede de TV CNN, que sua atuação é “péssima” e insinuou que o parlamentar trama contra o seu governo. Em resposta, Maia afirmou que não vai atacar Bolsonaro.
Horas antes da entrevista do presidente à CNN, Maia havia assinado uma nota conjunta com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) em defesa de Mandetta, também filiado ao seu partido. No dia anterior, a Mesa Diretora da Câmara deu prazo de 30 dias para que Bolsonaro apresente à Casa o resultado dos seus exames para covid-19.
No mesmo dia, Maia reagiu às críticas. “O presidente ataca com um velho truque da política, com a demissão ele quer mudar o tema”, afirmou Maia, que disse não ter intenção de prejudicar o governo. “O presidente não vai ter ataques (de minha parte). Ele joga pedras e o Parlamento vai jogar flores”, completou.