Domingo, 07 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2018
O ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, disse que se for eleito não planeja conceder um insulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que há mais de dois meses cumpre sentença de prisão na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR).
“Isso não está em minhas cogitações”, assegurou durante entrevista a uma emissora de rádio de São Paulo, na manhã dessa segunda-feira.
Pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo PDT, ele ressaltou que discorda do discurso petistas de que há uma “conspiração” do Poder Judiciário contra o líder petista.
O presidenciável, considerado uma das possíveis alternativa do PT a Lula (barrado pela Lei da Ficha Limpa), distanciou-se do discurso partidário em diversos momentos de sua conversa com o entrevistador.
“Sequestro”
Ao esclarecer uma declaração dada em junho de 2016, quando não descartou “sequestrar Lula e levá-lo a uma embaixada se a prisão do líder petista fosse decretada”, Ciro Gomes fez a ressalva de que essa afirmação foi dada em um outro contexto, em que destacava um equívoco cometido pela legenda do ex-presidente.
“O PT considera que o Judiciário brasileiro está em uma conspiração orgânica e, nesse caso, o caminho não é recorrer ao Judiciário, e sim tirar o Lula para uma embaixada. Eu estava censurando a ideia de que você, ao aceitar recorrer, denuncie o Judiciário como praticando um golpe. Aí fica meio esquizofrênico”, ironizou.
Na ocasião, três meses após a condução coercitiva do ex-presidente para prestar depoimento à Operação Lava-Jato, Ciro disse que poderia integrar um grupo de juristas para decidir se a prisão de Lula fosse realizada “fora das regras do estado democrático de direito”.
“Eu pensei: se a gente formar um grupo de juristas, podemos pegar o Lula e entregar em uma embaixada. À luz de uma prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite. Proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito”, afirmou na ocasião.
Nesta segunda-feira, no entanto, o pré-candidato do PDT disse que não considera que os direitos de Lula tenham sido eliminados quando foi preso no dia 7 de abril deste ano, por ordem do juiz federal Sérgio Moro, após ser condenado em janeiro pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a 12 anos e um mês de prisão.
Na avaliação do presidenciável pedetista, todos os ritos processuais foram seguidos antes da decretação da prisão: “Não acho que a prisão foi um ‘golpe’ porque o devido processo legal foi inteiramente perseguido”.
“O que eu acho é a sentença do Moro injusta, o que é diferente, pois você tem todo o direito de achar justa ou injusta, embora não seja minha atribuição sentenciá-lo. Agora, se o próprio Lula recorre da sentença é porque ele está aceitando o rito”, considerou.