Em entrevista ao programa RaioX na quinta-feira (17), no Porto Alegre 24 Horas TV, o deputado federal, Luciano Zucco (PL) falou a respeito de uma eventual prisão do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar destacou que todo o processo é injusto e que não passará batido. “Se Bolsonaro for preso, pode ter certeza que haverá consequências”, diz.
As declarações foram dadas antes da operação da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira (18), que teve como alvo Jair Bolsonaro e que foi realizada por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes. Bolsonaro terá de usar tornozeleira eletrônica e será monitorado 24 horas por dia. Ele foi escoltado à superintendência da PF para colocar o dispositivo.
Zucco também comentou a recente votação sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e direcionou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, Moraes “rasga a Constituição” ao interferir em decisões do Legislativo. “Ele mandou um canetaço e disse que iria manter o decreto do Lula de aumento do IOF”, declarou, acusando o magistrado de extrapolar sua autoridade e de comprometer a independência entre os Poderes.
O deputado ainda teceu duras críticas ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, acusando-o de ter um projeto pessoal de poder. Zucco ironizou a tentativa de Leite de se viabilizar como presidenciável e afirmou que ele não é sequer prioridade dentro do próprio partido. “O senhor é uma piada. Quer ser presidente, mas é a terceira via no seu próprio partido”, disparou.
Ao falar novamente sobre Jair Bolsonaro, Zucco demonstrou preocupação com o desfecho das investigações e reforçou que o ex-presidente está sendo alvo de uma “injustiça”. Para o parlamentar, a prisão é iminente. “Por mais que eu tente fugir, tudo leva a crer que vão prender o Bolsonaro. Não é aquilo que nós queremos, pois é a injustiça da injustiça”, concluiu.
Desde a sexta-feira (18), o ministro do STF Alexandre de Moraes impôs a Bolsonaro uma série de medidas restritivas. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica. O ex-presidente também não poderá se comunicar com outros réus e investigados, como o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado está licenciado nos Estados Unidos e diz ser o principal elo do bolsonarismo com o governo de Donald Trump.
Caso descumpra alguma dessas medidas, o ex-presidente poderá ter sua prisão preventiva decretada antes mesmo de ser condenado pela Primeira Turma do Supremo.
Deputados da oposição apontaram “abuso de autoridade” na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs medidas restritivas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto deputados ligados ao governo elogiaram as medidas.
Em entrevista coletiva, a deputada Bia Kicis (PL-DF), vice-líder da Minoria no Congresso, afirmou que Moraes comete “abuso de autoridade e violação de direitos e garantias fundamentais” do ex-presidente. “Nós sabemos que a denúncia que foi apresentada não se sustenta senão em narrativas e ilações. Essas medidas cautelares agora impostas não se sustentam na lei, não se sustentam na nossa Constituição”, disse.
O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), vice-líder da oposição, classificou as medidas adotadas de “totalmente ilegais”. Na entrevista, os parlamentares da oposição reforçaram a inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em suas redes sociais, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), se manifestou contra as medidas, que, segundo ele, representam “censura” e “tentativa desesperada de calar quem ainda representa milhões”.
Em nota o PL afirma que “o cumprimento de medidas como tornozeleira eletrônica, toque de recolher e censura digital — sem qualquer condenação judicial — acende um alerta institucional sobre o uso desproporcional de instrumentos judiciais contra adversários políticos”.
O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), observou que as medidas restritivas ocorrem no âmbito do inquérito 4995, aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar as ações de Eduardo Bolsonaro fora do Brasil. Segundo Farias, o inquérito surgiu de uma representação feita por ele contra Eduardo, a qual foi ampliada para também investigar o ex-presidente.
“Apresentei um farto material com provas das ações nos Estados Unidos, tanto de intimidação do Poder Judiciário, de obstrução da Justiça, quanto os reiterados ataques às instituições democráticas”, disse Lindbergh Farias, que depôs sobre o processo no início de julho.
“Com base nesses elementos, o ministro Alexandre de Moraes ampliou o escopo do inquérito para incluir Jair Bolsonaro e determinou as medidas cautelares. É uma vitória do Estado de Direito contra o golpismo transnacional”, complementou.
Na visão do líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), a operação da PF na residência do ex-presidente mostra que ninguém está acima da lei. “Atacar as instituições, conspirar contra a Constituição e desrespeitar a vontade do povo são crimes graves, que não podem ficar impunes. O país se une para proteger a verdade, a justiça e os valores que sustentam a nossa República”, disse em suas redes sociais”, afirmou.