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Por Redação O Sul | 3 de setembro de 2019
Um telegrama ao qual o jornal O Globo teve acesso, enviado em abril deste ano pelo então embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, mostra a satisfação do governo dos Estados Unidos com medidas tomadas pelo governo de Jair Bolsonaro, como o fim da exigência de visto para os americanos que viajam ao Brasil e a facilitação da repatriação de brasileiros com ordem final de deportação.
A correspondência relata uma reunião entre os dois países, no fim de março, em que o embaixador Carl C. Risch, representante dos EUA, destacou que as relações bilaterais entraram “em uma nova e auspiciosa fase, que já traz reflexos positivos para a área consular”. Em resposta, Fábio Marzano, secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Itamaraty, disse que a convergência entre os objetivos dos dois governos “revela-se sem precedentes”.
Na reunião no dia 26 de março, no Departamento de Estado em Washington, a diretora assistente para deportações da Agência de Imigração e Alfândega do Departamento de Segurança Interna, Marlen Pineiro, agradeceu a atuação da rede consular brasileira nos EUA pelo que o embaixador classificou como “tempestiva” emissão de documentos para repatriar brasileiros com a chamada “ordem final de deportação”. Ela também elogiou a colaboração do Brasil na autorização de voos não comerciais para as deportações daqueles que se recusaram a embarcar em voos de carreira, caso a caso.
Em julho, o jornal O Globo revelou que o presidente Bolsonaro aceitou um pleito antigo dos americanos e facilitou a deportação de brasileiros que estavam em situação migratória irregular nos EUA. O novo procedimento foi adotado no mês anterior e permitiu que os consulados brasileiros enviem ao governo americano documentos dos sujeitos à deportação à revelia deles.
Até então, mesmo brasileiros sem documentos e com todos os recursos legais para continuar nos EUA esgotados tinham que pedir passaporte ou a Autorização de Retorno de Brasileiro para pegar um avião nos EUA e entrar no Brasil. Muitos preferiam seguir presos a voltar, alguns alegando perseguição, e não assinavam o pedido dos documentos. Agora, o governo brasileiro pode expedir atestados de nacionalidade contra a vontade do preso. Como foi fechado um acordo com a Polícia Federal, esse documento passou a ser aceito nos aeroportos brasileiros.