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Variedades The Crown: por que a vida da família real britânica faz tanto sucesso

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A monarquia britânica é mais cara em termos absolutos do que algumas outras dinastias reais menores. (Foto: Reprodução)

A primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, sentada na arquibancada de uma festa no Castelo de Balmoral, na Escócia, observa a rainha Elizabeth e o duque de Edimburgo entregando prêmios a um lançador de martelo. Com um misto de desdém e fascínio, sussurra aos ouvidos do marido, Denis. “Estou me empenhando para ver qualquer qualidade nessa gente. Eles não são sofisticados, nem cultos, nem elegantes, nem nada perto do ideal”, diz ela. Essa é uma cena da temporada 2020 de “The Crown” (Netflix), a mais popular das quatro feitas até agora sobre o reinado de Elizabeth II, de acordo com a Parrot Analytics, empresa de análises de dados de entretenimento.

A família real, aos olhos de muitos, principalmente de quem vive longe das monarquias, parece mesmo apenas um grupo reproduzindo privilégios e protocolos antiquados. Vantagens que, graças aos movimentos políticos e sociais do século XX e XXI, têm sido colocadas em xeque e postas como sem sentido. Mesmo assim, as tramas sobre o reinado seguem como um dos maiores fenômenos de crítica e público do serviço de streaming no mundo inteiro.

Apesar de a Netflix não divulgar dados oficiais, a imprensa britânica afirma que, só na primeira semana, 29 milhões de pessoas ao redor do planeta viram a quarta temporada, cuja estreia foi no último dia 15. Isso equivale a 600 mil espectadores a mais do que no casamento de Charles e Diana, em 1981. No Brasil, a popularidade segue a mesma toada. No Twitter, somos o terceiro país com mais mensagens sobre a produção em 2020, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

A popularidade dessa nova leva de dez episódios, segundo críticos e fãs, pode ser explicada pelo surgimento da Diana. A princesa do povo deixou o mundo real em 1997, mas segue viva no imaginário de seus contemporâneos e até daqueles que nunca a viram “ao vivo” na TV. Por que ela (e a produção em que está inserida) prende tanto a atenção dos mais variados tipos de pessoas?

“A família desperta interesse justamente por não ser parte da nossa realidade”, diz o estudante Caique Freitas, de 21 anos, administrador da conta @thecrownfas, com mais de 17 mil seguidores no Instagram. Apesar de ter acordado às 5h da manhã no dia da estreia para ver todos os episódios da última temporada (e ele já assistiu tudo três vezes), o rapaz diz que não é do tipo aficionado pelos Windsor desde criancinha. Só ficou mais antenado depois da série e criou o fã-clube no ano passado. “Sabia pouco. Não sou monarquista, sou republicano”, avisa. “Mas acho que os privilégios e os problemas deles chamam atenção, porque faz tempo que não temos uma monarquia. Por que, no século XXI, ela ainda existe e é tão popular? A gente quer saber como ela sobrevive por tanto tempo.”

A dicotomia “efemeridade X secularidade” é um dos pontos que fazem o advogado Cárlisson Cavalcanti, de Palmares, em Pernambuco, ser um maratonista de carteirinha. E é uma das apostas dele para o sucesso de “The Crown”. “O que fascina é que, apesar das mudanças culturais e de paradigmas éticos e morais que experienciamos, eles se mantêm intactos”, diz o jovem de 23 anos, que adorou a terceira temporada. “Estamos vivendo a era do descartável, mas eles continuam tão antigos e fortes como antes.”

A série não deixa de ser um reflexo involuntário do bem-sucedido plano de autopromoção que a família real utiliza desde os áureos tempos do Império Britânico. Algo que foi bastante aprimorado com as mídias de massa do século XX. “Esse marketing merece tese de doutorado, ele é intergeracional. Há uma legião de fãs e admiradores em todas as partes do mundo”, diz a professora Astrid Beatriz Bodstein, de Cuiabá, estudiosa sobre realezas e protocolos. Ela é administradora do Instagram @royaltyandprotocol, um dos mais completos sobre o tema, com 44 mil seguidores. “Tem gente que não gosta da família imperial brasileira, mas admira a britânica. Dou crédito ao marketing.”

O diretor do Museu Imperial de Petrópolis, Vicente Ferreira Júnior, concorda. “Existe uma exposição dos (ingleses) dada pelas contingências históricas que talvez não tenha havido a possibilidade de refrear. No século XIX, a Inglaterra era o país mais poderoso do mundo. E no XX, com a definição de Elizabeth como rainha, essa publicidade foi muito bem aproveitada”.

Nosso espírito voyerista pode ter uma certa influência também nesse sucesso. Já parou para pensar que a vida da família Windsor, contada de forma serializada, não deixa de ser um reality show? “Há a questão do imaginário popular com princesas e príncipes e o interesse com celebridades, ‘Big Brother’… ‘The Crown’ junta isso e vira uma espécie de (Keeping up with the) Kardashians da realeza”, diz o fã e professor de relações internacionais da Faap, Carlos Gustavo Poggio, de São Paulo.

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https://www.osul.com.br/the-crown-por-que-a-vida-da-familia-real-britanica-faz-tanto-sucesso/ The Crown: por que a vida da família real britânica faz tanto sucesso 2020-12-08
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