Novos trechos de depoimentos de delatores mostram quem é o doleiro preso suspeito de entregar R$ 1 milhão ilegais ao ex-ministro Geddel Vieira Lima do MDB. Júnior de Brasília; juntando as iniciais das duas palavras: Jubra. Era assim que José Francisco Araújo Costa Júnior aparecia nos extratos da rede de doleiros que faziam transferência de valores e lavagem de dinheiro para políticos e empresários.
O MPF (Ministério Público Federal) denunciou o esquema na semana passada e a Justiça determinou a prisão de 47 operadores do mercado clandestino de dólares. Francisco Júnior foi preso em casa. Fontes ouvidas pela reportagem contaram que ele nem se levantou para abrir a porta e ficou usando o computador mesmo depois da chegada dos policiais. A polícia teve que quebrar uma porta de vidro para prendê-lo. A polícia investiga se Júnior tentou esconder alguma coisa.
O que já se sabe é que pelas mãos dele passavam fortunas. Francisco Júnior fazia o transporte de dinheiro vivo para o Distrito Federal, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador a mando de um dos principais doleiros do esquema, Cláudio Barbosa, o Tony, que fez delação premiada.
Tony afirmou que as entregas de Júnior eram feitas em montantes que variavam de R$ 350 mil a R$ 500 mil em Brasília e, em 90% das vezes, o dinheiro ia para pessoas indicadas pela Odebrecht e por Lúcio Funaro, considerado o operador financeiro do MPB nacional. Lúcio Funaro, que também fez delação premiada, disse que Francisco Júnior, o Jubra, foi o responsável em 2014 por entregar R$ 1 milhão em dinheiro vivo ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, em Salvador (BA).
O dinheiro teria saído do escritório do advogado José Yunes, amigo do presidente Michel Temer. Lúcio Funaro contou que o doleiro Tony usou os serviços de Júnior para encaminhar os valores a Geddel e que, pelas diversas operações realizadas com Tony, o dinheiro era levado em veículos com compartimentos próprios e ocultos. Essa movimentação é alvo de uma investigação que quer saber se o escritório de José Yunes foi usado para pagamentos Ilegais da Odebrecht ao MDB.
Em nota, a defesa de Geddel Vieira Lima declarou que vai esperar a publicação de acórdão para entender quais são as providências legais cabíveis. O advogado de José Yunes disse que não vai se manifestar e a reportagem não conseguiu entrar em contato com os outros citados.
STF
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu na terça-feira (8) manter na cadeia o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso desde setembro do ano passado no presídio da Papuda, em Brasília. Em decisão unânime, os ministros negaram o pedido de liberdade da defesa.
Pouco antes, Geddel, o irmão e deputado federal Lúcio Vieira Lima, a mãe Marluce Vieira Lima e outros dois se tornaram réus no STF por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso dos R$ 51 milhões encontrados em apartamento em Salvador.
