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Brasil A Butanvac é ótima notícia, mas o prazo anunciado é difícil de cumprir, dizem cientistas

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A conquista foi muito comemorada pelo governador paulista, João Doria. (Foto: Governo de São Paulo)

A notícia de que a primeira vacina contra a covid-19 100% brasileira vai começar os testes clínicos pegou todo mundo de surpresa — e até cientistas que trabalham diretamente com o assunto não estavam sabendo da novidade.

A Butanvac, anunciada pelo Governo do Estado de São Paulo e pelo Instituto Butantan numa coletiva de imprensa realizada na manhã da sexta-feira (26), depende do aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os estudos com seres humanos ainda no mês de abril.

A conquista foi muito comemorada pelo governador paulista, João Doria, e pelo diretor do Butantan, Dimas Covas. “Este é um anúncio histórico para o Brasil e para o mundo. A Butanvac é a primeira vacina 100% nacional, integralmente desenvolvida e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, que é um orgulho do Brasil”, disse Doria.

O governador também projetou que haveria condições para disponibilizar “40 milhões de doses, se possível, em julho”.

Apesar do desenvolvimento de uma vacina significar um avanço importantíssimo para a ciência brasileira, pesquisadores independentes entrevistados pela BBC News Brasil levantaram questões sobre as promessas feitas e transparência das informações apresentadas até o momento, como você confere a seguir.

Tradição de décadas

De acordo com os detalhes compartilhados durante o evento, a Butanvac é uma vacina feita a partir de um vírus que causa a doença de Newcastle em aves. Esse agente infeccioso não provoca nenhum mal no organismo humano.

No laboratório, o vírus da doença de Newscastle passou por um processo de engenharia genética para receber a proteína S do coronavírus — a letra “S” vem de spike, ou espícula em português, que é a parte da estrutura viral que se encaixa nos receptores da superfície das células humanas para iniciar uma infecção.

O vírus então é multiplicado em ovos e é purificado e inativado antes de ir para as vacinas. Esse processo é relativamente barato e fácil de ser feito. A ideia é que, a partir da imunização, o sistema de defesa do nosso corpo reconheça essa proteína S típica do coronavírus e gere uma resposta capaz de nos proteger de uma infecção de verdade.

“Essa é uma plataforma tecnológica muito segura e com a qual o Brasil tem muita experiência”, avalia o imunologista Carlos Zárate-Bladés, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina.

O mesmo recurso é usado em outros imunizantes nos quais o Brasil tem um bom histórico de produção e é auto-suficiente (ou seja, não precisa de insumos estrangeiros).

O caso mais notório é a vacina contra a gripe: o Butantan usa essa mesma metodologia e entrega, todos os anos, mais de 100 milhões de doses ao Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Prazo apertado

A larga experiência nacional pode acelerar a produção da Butanvac, mas, antes que isso ocorra, é necessário que o candidato à imunizante passe pelos testes clínicos para garantir a segurança e a eficácia.

Geralmente, esses estudos são divididos nas fases um, dois e três, e cada uma delas tem objetivos diferentes.

“Nas fases um e dois, nós avaliamos se a vacina é tolerada, qual a melhor dosagem para obter uma boa resposta no organismo, se ela é segura e se realmente tem efeito no corpo humano”, explica o imunologista Gustavo Cabral, pesquisador da Universidade de São Paulo e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Já a fase três, o último passo antes da submissão dos dados para aprovação pelas agências regulatórias, envolve dezenas de milhares de voluntários e tem a meta de definir a eficácia daquele produto em prevenir a doença (ou pelo menos as suas formas mais graves).

Para serem iniciadas, as pesquisas com a Butanvac ainda precisam receber o aval da Anvisa — representantes do governo estadual e do Butantan dizem estar “dialogando intensamente” com a agência para que isso aconteça o mais rápido possível.

Porém, mesmo com o provável início dos testes clínicos em abril, como desejam os gestores paulistas, é praticamente impossível finalizar todas as etapas até julho de 2021.

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