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Mundo A ordem era abater qualquer um que cruzasse a ponte, disse um ex-sargento da Venezuela

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Integrante da Guarda Nacional (à dir.) é escoltado por policial colombiano após se render na fronteira entre Venezuela e Colômbia. (Foto: Reprodução)

Portando um escudo, o primeiro-sargento de 21 anos estava posicionado ao lado dos colegas da Guarda Nacional venezuelana, enquanto seus compatriotas protestavam e tentavam transportar suprimentos de assistência humanitária ao país, do outro lado da fronteira, na Colômbia.

No começo, a situação parecia pacífica, ele disse. Depois, cerca de 30 ativistas leais ao governo venezuelano chegaram de moto e começaram a disparar tiros contra as multidões de manifestantes. Em seguida vieram balas de borracha, pedras e gás lacrimogêneo.

“Percebemos que não era aquilo que desejávamos, e por isso saímos”, disse o primeiro-sargento, Wilfredo.

Mais tarde na noite de sábado (23), ele e dois outros militares deixaram sua base e cruzaram a fronteira com a Colômbia. Ele falou sob a condição de que seu nome completo não fosse citado, por medo de represálias contra sua família, que continua na Venezuela.

As autoridades colombianas receberam mais de 100 desertores como Wilfredo, desde que os protestos na fronteira se tornaram violentos, no sábado, causando quatro mortos e dezenas de feridos.

Em entrevistas a um jornalista, quatro desertores disseram terem sido forçados a deixar o país depois de receberem ordens de esmagar os protestos. Um integrante das forças especiais viajou de Caracas até a fronteira para escapar, no sábado. Eles disseram que se opunham à recusa e queima dos mantimentos, já que suas famílias estão passando fome.

“Eles nos enviaram para reprimir gente que na verdade não estava fazendo coisa alguma contra qualquer pessoa”, disse Wilfredo, que ainda estava usando seu uniforme, no domingo, no escritório do governo colombiano encarregado da recepção a dezenas de desertores, em Cúcuta.

A pequena onda de deserções beneficiou a oposição venezuelana, que enfrentou dificuldades no sábado quando seus planos para levar assistência à Venezuela foram violentamente obstruídos pela polícia, que continua leal ao ditador Nicolás Maduro.

A oposição, liderada por Juan Guaidó e apoiada pelos Estados Unidos, previu que as forças armadas descumpririam suas ordens, diante da comida enviada para aliviar a onda de fome no país.

Os desertores disseram que o descontentamento é grande nas fileiras das forças armadas, mas que os militares são prisioneiros do medo.

“A ordem que nos veio do alto comando foi que, quem quer que dê um passo na direção da ponte ou tente deixar seu posto deve ser abatido a tiros”, disse Pinera Martinez, 32, sargento alocada em San Antonio del Táchira.

Martinez disse ter escapado na manhã do domingo (24), quando pediu para tomar café da manhã fora do quartel; ela aproveitou a oportunidade para pedir roupas civis emprestadas a pessoas que encontrou nas ruas.

Eles concordaram e lhe deram uma camisa branca e calças escuras. Ela disse ter caminhado pelo leito rochoso do rio e pela vegetação da fronteira, até chegar à Colômbia. Lá, ela disse ter se apresentado à polícia, que a acolheu e garantiu sua segurança, transportando-a para o escritório das autoridades de imigração.

Jason Caldera, 21, disse que sabia que a única saída do quartel que não estava vigiada era a do chuveiro coletivo. Ele deixou sua mochila lá no começo da noite de sábado e depois esperou até 1h antes de escapar, para uma caminhada de 40 minutos em direção da fronteira.

Ele disse ter pendurado uma camiseta branca na ponta de uma vara e a erguido sobre a vegetação alta à beira do rio, para chamar a atenção da polícia colombiana, que o acolheu, permitiu que ele dormisse em um de seus quartéis e o alimentou naquela noite.

Pela manhã, disse Caldera, funcionários do governo colombiano o ajudaram com a papelada necessária para começar a vida no país.

“Não sei por que eles desejam deter a assistência humanitária”, ele disse. “O povo precisa dela.”

Os desertores não vieram apenas de bases próximas à fronteira, William Cancina, das forças especiais venezuelanas, viajou de Caracas com o pretexto de executar uma missão de inteligência, ele disse.

Mas havia acionado contatos na polícia colombiana, que estavam esperando por ele em meio à multidão na ponte internacional Simón Bolívar, no domingo.

Ele disse ter caminhado calmamente por entre os policiais e em meio ao gás lacrimogêneo, para chegar ao outro lado, onde a polícia colombiana o recebeu.

“Acho que 90% das forças armadas estão a favor da queda dessa tirania”, ele disse. “Mas por medo, terror, dúvida, não têm coragem de deixar de apoiá-la.”

O primeiro-sargento Mario Velasquez Reyes, 28, disse ter pedido permissão para deixar sua base em Caracas para uma visita a um irmão hospitalizado. Em lugar disso, se encaminhou à fronteira.

“Não estamos de acordo com esse governo, que traz fome, miséria e pobreza”, ele disse. “O governo arruinou a Venezuela inteira.”

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https://www.osul.com.br/a-ordem-era-abater-qualquer-um-que-cruzasse-a-ponte-disse-um-ex-sargento-da-venezuela/ A ordem era abater qualquer um que cruzasse a ponte, disse um ex-sargento da Venezuela 2019-02-26
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