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Por Redação O Sul | 22 de maio de 2018
Em reação às sanções aplicadas pelos Estados Unidos após as eleições presidenciais de domingo (20), a Venezuela expulsou os dois principais representantes diplomáticos norte-americanos no país. O encarregado de negócios dos EUA, Todd Robinson, deverá se retirar dentro de 48 horas, segundo o presidente Nicolás Maduro. Também foi expulso Brian Naranjo, o chefe da Seção Política da embaixada dos EUA, considerado o número dois da sede diplomática. Caracas alegou ainda nesta terça-feira ser vítima de um “linchamento político e financeiro” do governo americano. E ainda acusou a Casa Branca de inspirar-se nos “postulados nefastos da Ku Klux Klan (KKK)”, em referência ao movimento racista de extrema-direita que marcou a História dos EUA.
As informações são do jornal O Globo e das agências internacionais de notícias.
O presidente acusou Robinson de promover uma conspiração militar contra o seu governo, com o objetivo de destruir a economia e incentivar a abstenção nas eleições. Washington e Caracas já não mantêm embaixadores desde 2010, por conta da tensa relação diplomática entre os dois países desde que os EUA apoiaram o golpe de Estado fracassado contra Hugo Chávez em 2002. A nova expulsão agrava estes laços, enquanto a Venezuela se vê isolada em decorrência das críticas de parte da comunidade internacional.
Em discurso, chamou o representante diplomático de “ativo conspirador, abusando e violando a lei internacional”.
“Eu o declarei persona non grata e anuncio a saída do encarregado de negócios dos EUA em 48 horas”, disse Maduro sobre Robinson, na cerimônia que oficializou a sua proclamação como presidente por mais seis anos. “Apresentaremos provas da conspiração no campo militar pelo encarregado de negócios dos EUA e sua embaixada, da conspiração em campo econômico e da conspiração em campo político.”
O país sul-americano vem sofrendo crescente pressão após a reeleição de Maduro, que foi oficialmente proclamado vencedor nesta terça-feira, numa votação chamada de fraudulenta pela oposição. Em nota, o governo acusou a Casa Branca de intensificar um “criminoso bloqueio financeiro e econômico”, que qualifica como um “crime contra a Humanidade”, porque impede o “acesso a bens essenciais”.
“Alertamos a comunidade internacional sobre a ameaça à paz mundial que representa o regime supremacista, racista e intervencionista que governa em Washington, inspirado nos postulados nefastos da Ku Klux Klan”, declarou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado, cujo texto diz ainda que o governo de Donald Trump “promove o ódio, a intolerância e o linchamento político e financeiro” contra a Venezuela.
Segundo a Chancelaria, o governo americano utiliza as necessidades do povo venezuelano como arma política para promover a derrubada do presidente.
“A Venezuela mais uma vez condena a sistemática campanha de agressão e hostilidade pelo regime dos EUA para punir o povo venezuelano por exercer o seu direito de votar”, dizia ainda a nota. “Estas medidas arbitrárias e unilaterais constituem um crime contra a Humanidade.”
Cumprindo sua ameaça de não ficar de braços cruzados se Maduro fosse reeleito, os Estados Unidos determinaram ontem novas medidas para restringir ainda mais as relações financeiras e comerciais com a Venezuela, embora não tenham imposto embargo ao petróleo venezuelano, que segue sendo vendido no país. O governo americano não reconheceu o resultado das eleições, que chamou de “farsa”.
Os EUA também ameaçaram retaliar a Venezuela, após a expulsão dos seus representantes diplomáticos:
“Não recebemos notificação do governo venezuelano por meio de canais diplomáticos. Os Estados Unidos poderiam tomar as medidas recíprocas pertinentes”, disse um funcionário do Departamento de Estado.
De acordo com a norma, a decisão de impor novas sanções ocorre “particularmente à luz das recentes atividades do regime de Maduro, incluindo má gestão econômica endêmica e corrupção pública às custas do povo venezuelano e sua prosperidade e contínua repressão da oposição política”, disse o documento, que afirma que Caracas “tenta minar a ordem democrática mantendo eleições precipitadas que não são livres nem justas”. O texto cita ainda a “responsabilidade do regime pelo aprofundamento da crise humanitária e de saúde pública na Venezuela”.