Mundo Apartamento só com quarto e banheiro custa 430 mil reais em um bairro nobre de Londres

Imóvel está localizado na região de Hackney, área que simboliza como o mercado imobiliário londrino se tornou uma fábrica de riqueza nos últimos anos. (Crédito: Reprodução)

Conseguir um apartamento em Londres, na Inglaterra, que é conhecida por seus preços estratosféricos, não é das tarefas mais simples. Mas a imobiliária Zoopla colocou no mercado um imóvel no bairro nobre de Hackney pela pechincha de 75 mil libras, o equivalente a 427,3 mil reais. Em média, residências na mesma região saem por 500 mil libras, cerca de 2,8 milhões de reais.

Realizar o sonho da casa própria por tão pouco, contudo, não vem sem abrir mão de alguns “luxos”, tais como cozinha, fogão, sala de estar e qualquer outros cômodos. Limitado a espaço para cama, um frigobar e um micro-ondas, o imóvel pelo menos conta com chuveiro e sanitário em um espaço separado. Ou seja, ele tem apenas duas peças: quarto e banheiro.

Os interessados ainda devem correr: em fevereiro de 2015, o apartamento estava à venda por 47,5 mil libras. Sendo assim, o valor do imóvel subiu em 30 mil libras em menos de um ano.

Tradicionalmente uma área habitada pela classe operária, a região de Hackney sofreu um agudo processo de gentrificação (a modificação do espaço urbano em que áreas periféricas são remodeladas e transformadas em espaços nobres) nos últimos anos. Em 2015, os imóveis milionários passaram a ser tão frequentes como em outros bairros historicamente ricos de Londres, como Kensington e Chelsea.

Fábrica de riqueza.

Especialistas apontam que o mercado imobiliário britânico se tornou uma fábrica de riqueza. O número de proprietários cuja residência vale mais de 1 milhão de libras subiu 14% desde janeiro no Reino Unido, de acordo com a consultoria Zoopla.

Isso significa que 75.796 britânicos se tornaram “milionários imobiliários” no período, o equivalente a 200 por dia, levando o tamanho desse contingente para 622.939 pessoas. Além disso, 82% dessas casas estão no sudeste ou em Londres, onde uma em cada dez residências já vale mais do que 1 milhão de libras. “Uma etiqueta de preço que já foi exclusiva de casas majestosas ou enormes mansões é algo cada vez mais comum para casas modestas, especialmente na capital”, afirma Lawrence Hall, da Zoopla.

No começo de 2015, a consultoria imobiliária Savills divulgou que o estoque de casas de Londres havia atingido um valor total de 1,5 trilhão de libras em 2014 – ou 2,2 trilhões de dólares, o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) anual do Brasil ou de Colômbia, Argentina e México somados.

O fenômeno é reflexo da recuperação da economia britânica combinada com uma oferta insuficiente de novas casas e um processo global de valorização de ativos considerados seguros. Há também uma entrada maciça de compradores estrangeiros. Um estudo mostrou que as altas nos preços de casas em determinadas regiões estão diretamente relacionadas com turbulências políticas em outros países.

O que é boa notícia para quem é proprietário complica a vida dos mais jovens e menos abastados, para quem o sonho da casa própria fica cada vez mais distante, o que gerou o apelido de “geração aluguel”.

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