Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 24 de setembro de 2017
No México, 305 pessoas morreram, centenas estão desaparecidas e há milhares de feridos em razão do terremoto de terça-feira (19). Esses números foram deixados de lado na noite de quarta-feira (20), quando o país voltou suas atenções para um único caso. Uma menina de 12 anos esperava, sob os escombros de uma escola, para ser resgatada.
Desde cedo, foi informado um nome: Frida Sofía. A transmissão virou a madrugada. Entre as emissoras, uma se destacava pelos detalhes exclusivos, a Televisa, maior canal de TV em língua espanhola. Uma repórter da emissora, Danielle Dithurbide, garantiu ter conversado com os parentes de Frida Sofía, mas eles não queriam ter seus nomes divulgados. Afirmou que levavam água para a menina. Que havia macas no local.
Em determinado momento, foi informado que não se tratava de uma menina, mas de três. Depois, cinco. Se disse que Frida Sofía tinha escapado por ter se refugiado sob uma mesa de concreto na cozinha. A repórter da Televisa afirmou que a própria menina dissera chamar-se Frida Sofía, segundo um socorrista. Os detalhes mobilizaram o país.
Porém, ao meio-dia de quinta-feira (20), o almirante Ángel Enrique Sarmiento disse que todas as crianças, vivas e mortas, foram tiradas dos escombros. Que Frida Sofía nunca existiu.
Dois dos principais âncoras da Televisa, Carlos Loret de Mola e Denise Maerker, sustentaram então que todas as informações haviam sido fornecidas pela Marinha, que coordena os trabalhos de resgate em zonas atingidas pelo terremoto.
Com o “sepultamento” de Frida Sofía, a busca por seu inventor tornou-se foco do noticiário. Os apresentadores da Televisa exigiram “explicações” da Marinha, que assumiu toda a culpa pelo episódio. Mas há sinais de que Frida Sofía teve concepção coletiva. Socorristas falaram nas primeiras horas de uma menina presa nas ruínas da escola. A emissora encarregou de dar uma família à resgatada que não exista.