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Brasil “Declaro ter feito um aborto”, disseram 172 mulheres em manifesto público

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Mulheres protestam contra PEC 181 que pode criminalizar o aborto. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Cento e setenta e duas mulheres, em apoio a Rebeca Mendes e contra a PEC 181, decidiram assumir publicamente que também fizeram um aborto. No manifesto, organizado por um coletivo de 12 mulheres e divulgado no último sábado (9), atrizes, advogadas, professoras, sociólogas, antropólogas, jornalistas, entre muitas outras, afirmam que a intervenção, mesmo criminalizada por lei, “é uma prática corriqueira e que coloca em xeque a vida das mulheres brasileiras de todas as classes, regiões e credos. E ainda as humilha, por ser realizada na clandestinidade”.

As atrizes Camila Pitanga e Eliane Giardini, a professora Heloisa Buarque de Holanda, a antropóloga Alba Zaluar e a filósofa Marcia Tiburi são algumas das que assinam o documento. A economista Lena Lavinas, que também faz parte do grupo, explica que um dos objetivos é proteger Rebeca ao mostrar para a sociedade que ela está longe de ser uma exceção.

“Em apenas quatro dias conseguimos reunir um grande grupo. Pela primeira vez, uma mulher pediu ao Supremo Tribunal Federal o direito de fazer um aborto que não se enquadra nas três situações em que a intervenção é descriminalizada no Brasil. Achamos que era muito importante demonstrar todo o nosso apoio a ela e às milhares de mulheres se submetem a abortos inseguros todos os anos no Brasil”, afirma Lena.

O manifesto traz também os nomes de outras dezenas de mulheres que em 1997 e 1983 assumiram publicamente, para grandes veículos de comunicação, terem interrompido uma gravidez. Nos anos 1980, na reportagem de capa da revista “Isto É”, as atrizes Betty Faria, Dina Sfat, além da apresentadora Hebe Camargo, contaram suas histórias. Mais de dez anos depois, na capa da revista “Veja”, foi a vez das atrizes Arlete Sales, Debora Bloch, Cissa Guimarães e Tereza Rachel, da cantora Elba Ramalho e da apresentadora Marília Gabriela.

“Vinte anos mais tarde, não nos resta outra alternativa”, afirmam as mulheres no documento de 2017. “No Brasil, cerca de 500 mil abortos são realizados anualmente em condições inseguras por causa de sua proibição. Feita sob supervisão médica, essa intervenção é simples e segura. Não podemos silenciar sobre essa realidade, que afeta milhares de mulheres. Declaro que sou uma delas. Declaro ter feito um aborto”.

A cineasta Lucia Murat, que assina o manifesto junto às outras 171 mulheres, conta que uma iniciativa semelhante foi feita na França, em 1971. O texto do documento francês, que ficou conhecido como o “Manifesto das 343”, foi escrito por Simone de Beauvoir. Dois anos depois, 331 médicos declararam seu apoio ao direito ao aborto. A movimentação foi fundamental para tirar a intervenção, quando feita nas dez primeiras semanas de gravidez, da ilegalidade na França, em 1975. Mais tarde, a descriminalização foi ampliada para abortos feitos nas 12 primeiras semanas.

“Sou uma mulher de classe média, por isso tive condições de fazer o aborto, quando precisei, em condições bem diferentes da maior parte das brasileiras”, diz Lucia. “Nossa preocupação é de saúde pública, em defesa da enorme quantidade de mulheres que morrem por fazerem aborto em condições inseguras.”

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https://www.osul.com.br/declaro-ter-feito-um-aborto-dizem-172-mulheres-em-manifesto-publico/ “Declaro ter feito um aborto”, disseram 172 mulheres em manifesto público 2017-12-11
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