Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Financiamento do BNDES se concentra em poucas empresas: 13 companhias responderam por 51% dos empréstimos

Compartilhe esta notícia:

Prédio do BNDES no Centro do Rio. (Foto: AG)

O BNDES chegou na semana passada à terceira idade, aos 65 anos de fundação, e terá pela frente o desafio de equilibrar a distribuição de crédito. Um levantamento feito pelo Núcleo de Jornalismo de Dados do GLOBO aponta que, além de apresentar queda de valores contratados em 2016, o apoio do BNDES é restrito a um pequeno número de empresas. No ano passado, apenas 13 companhias abocanharam financiamento de R$ 12 bilhões, 51% do montante contratado em operações diretas e indiretas não automáticas, que são aquelas com valores superiores a R$ 20 milhões e nas quais é necessária análise prévia da diretoria do BNDES.

Embora concentrem mais da metade das operações de financiamento, essas empresas representam 6% do total de pessoas jurídicas (entre empresas, governos e entidades) que conseguiram apoio do banco nessa categoria de fomento em 2016. A maior parte delas é do setor de comércio e serviços em eletricidade e gás. O levantamento mostra que, desde 2002, o apoio direto e indireto não automático do BNDES apresenta alta concentração.

No ano passado, o banco somou contratos de R$ 24,1 bilhões nessas operações, metade do registrado em 2015 e em patamar semelhante ao de 2006. Nesse mesmo período, também caiu pela metade o número de pessoas jurídicas que fecharam financiamento nessas modalidades de operação, de 400 para 201. Em nota, o BNDES argumenta que o número de empresas financiadas variou consideravelmente nas operações diretas e indiretas não automáticas e que, por isso, não é possível dizer que houve aumento de concentração entre 2015 e 2016. Segundo o banco, proporcionalmente a concentração se manteve a mesma nesse período e ficou em patamar semelhante ao dos últimos anos.

O BNDES ressalta ainda que as operações diretas e indiretas não automáticas representam cerca de 40% das contratações e que a distribuição dos recursos nessas modalidades não é representativa do desempenho operacional do banco como um todo. “Esse tipo de empréstimo geralmente é tomado por grandes empresas, outro fator que tende à concentração de valores por empresa contratante”, diz o texto.

Paulo de Carvalho Lins, do Ibre/FGV, destaca que, com a menor oferta de crédito, a estratégia do BNDES é oferecer financiamento para empresas mais sólidas. O pesquisador lembra que esse perfil é semelhante ao das companhias que receberam aportes na última década.

— “O aumento de desembolso que a gente viu no período pós-2007 favoreceu empresas mais velhas, menos arriscadas e com maiores faturamentos. Deu-se muito dinheiro para empresas já consolidadas, que conseguiriam se financiar de outra forma no mercado, e que migraram para uma carteira mais barata. Da perspectiva do BNDES, é bom diversificar e, para a economia, também, porque, como o empréstimo do BNDES se dá com taxas mais baixas, há condições para isso favorecer um poder de monopólio”, destaca Lins.

A professora de economia política do Departamento de Relações Internacionais da PUC Rio Luciana Badin também vê na queda de repasses autorizados no ano passado o efeito do momento econômico que o país atravessa.

“Qual empresário vai buscar financiamento em um cenário que apresenta uma crise em desdobramento? O financiamento acaba se concentrando em empresas mais sólidas, com mercado bem definido”, explica a pesquisadora.

Luciana ressalta que estruturalmente o BNDES foi constituído para financiar grandes projetos de política de desenvolvimento e, por conta disso, a maior parte do crédito acaba direcionada às grandes empresas.

“É fundamental a maior participação da sociedade na atuação das linhas do banco, tentando redirecionar o BNDES para um sentido mais público. O branco tem que se reinventar, se reestruturar, para se tornar mais acessível, mais promotor de um tipo de desenvolvimento que realmente favoreça o conjunto da sociedade. É importante é que esse momento seja de repensar seu papel”, defende Luciana.

Professor do Instituto de Economia da UFRJ, Luiz Carlos Prado afirma que é esperado que em um banco de desenvolvimento haja concentração, já que envolve operações com volumes substanciais, de longo prazo, e está sujeito a ciclos de investimento. Segundo Prado, não se trata de uma característica particular do BNDES.

“Se houver onda de investimento e privatizações, ou se um determinado setor demandar equipamentos, por exemplo, vai haver concentração grande”, avalia.

Para o professor da UFRJ, um fator que pode explicar a alta concentração é que setores industriais voltados para o mercado doméstico, mais sujeitos à crise, tendem a demandar menos financiamento.

“Aqueles que foram menos afetados, que independem da situação atual, vão manter a procura por financiamento. Empresas concessionárias, por exemplo, têm obrigações regulatórias de investimento” complementa o economista. (AG)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

O presidenciável Ciro Gomes, do PDT, disse que Lula “perdeu a visão genial da realidade e está cercado de puxa-sacos”
Nos últimos 12 meses, houve aumento de pelo menos 50% no número de registro de crimes de pedofilia
https://www.osul.com.br/financiamento-bndes-se-concentra-em-poucas-empresas-13-companhias-responderam-por-51-dos-emprestimos/ Financiamento do BNDES se concentra em poucas empresas: 13 companhias responderam por 51% dos empréstimos 2017-06-26
Deixe seu comentário
Pode te interessar