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Colunistas Jornalistas

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Bolsonaro e jornalistas. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Hoje, quem escreve melhor no jornalismo brasileiro é José Roberto Guzzo, de Veja. Os alvos de Guzzo são os opositores do governo, de Bolsonaro e a mídia. Irônico, ele os encurrala com argumentos de lógica irrespondível e com estilo, onde as palavras escandem, agudas e certeiras. Mas parece dedicado à missão impossível de provar que o governo e Bolsonaro nunca erram, são perfeitos. Fica um pouco demais para o meu gosto.

O jornalista que faz a oposição mais qualificada e competente ao governo Bolsonaro é Reinaldo Azevedo. Ele se diz liberal e conservador, e é mesmo. É impiedoso hoje com Bolsonaro como foi ontem, com os governos de Lula e Dilma. Seu blog no UOL é visitado sofregamente pela esquerda, que antes o chamava de lacaio. Mas não vão até o ponto de desdizer o que antes diziam dele, que isso não é do estilo dos petistas.

Azevedo lê cuidadosamente os textos que analisa, como sentenças e documentos exaustivos, o que os demais jornalistas não fazem. Conhece a Constituição, comenta leis como um bom advogado, embora não tenha formação em direito. O português é perfeito, a forma é clara, e ninguém capta como ele as contradições da era bolsonariana. Não costuma ceder à tentação de adaptar os fatos à opinião que ele tem sobre os mesmos.

José Nêumanne, do Estadão, é bom de texto. Mas tem limitações que não consegue vencer. Uma é a fixação negativa em relação aos tucanos. Parece refletir a mágoa que o seu antigo chefe, o ex-senador José Andrade Vieira tinha contra FHC. O ex-dono do Bamerindus, que já morreu, culpava Fernando Henrique pela perda do Banco, o que não é verdade.

A outra obsessão é o STF. Um artigo sim e outro também ele expõe um certo azedume contra tudo que vem do Supremo. Ora, não há tribunal que agrade a todos, e menos ainda esse STF fragmentário que temos.

Nêumanne, como Augusto Nunes, de Veja, no conflito notório entre o Ministério Público da Lava-Jato (notem que não digo todo o MPF) e setores do STF, alegam que o Supremo é leniente contra a corrupção. Mas ambos ignoram que o STF em uma despretensiosa sessão do Tribunal, em 2015, ao decidir pelo fim do financiamento privado das campanhas políticas, fez mais contra a corrupção do que toda a Lava-Jato e o seu infrene protagonismo.

Falo dos anteriores para chegar a Fernando Gabeira, a voz mais lúcida e serena do jornalismo brasileiro. Gabeira tem vasta história pessoal, a visão de mundo consolidada na leitura extensa, nos eventos dramáticos da luta clandestina e do exílio, no exercício exemplar de mandatos legislativos, no inovador de temas e pautas como a questão ambiental. Como os bons vinhos, com o tempo vai ficando cada vez melhor.

Gabeira invoca, embora com certo ceticismo, a necessidade de se criar um novo ambiente de discussão e luta política: ao invés da geral impaciência dos atores do jogo, da convivência ríspida destes tempos, abrir um pouco a nossa concepção de vida e de mundo, ora fechada a toda concessão, e combater o que achamos errado (na direita e na esquerda) com razões e argumentos, ao invés da desqualificação liminar de quem é ou possa ser nosso adversário.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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