Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de março de 2019
Minutos antes de ser preso, o ex-presidente Michel Temer ligou para um assessor de sua confiança e perguntou se ele sabia o motivo de ter “tantos jornalistas na porta da minha casa”. Temer foi preso na manhã desta quinta-feira (21) por ordem do juiz federal Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O emedebista foi informado, ao ligar para o assessor, de que havia um “boato na imprensa” de que um mandado de prisão contra ele havia sido expedido.
Temer classificou o rumor como “uma brutalidade”. Logo em seguida, a ligação foi interrompida e o ex-presidente não voltou mais ao telefone.
Temer ressaltou que estava no Brasil e à disposição da Justiça dizendo não entender o motivo pelo qual poderiam ter solicitado seu encarceramento.
Aliados do ex-presidente temiam sua prisão por entender que ela era visto como “um troféu” na narrativa de combate à corrupção.
Troféu
A cúpula do MDB vinha manifestando em conversas privadas uma preocupação com a situação jurídica do ex-presidente Michel Temer, por entender que ele seria visto como uma espécie de “troféu” a ser conquistado pela narrativa de combate à corrupção.
Desde que deixou o Planalto, o emedebista desfrutava de uma rotina tranquila em sua casa em São Paulo. Segundo aliados, parecia “leve e externava sensação de dever cumprido”.
Aliados de longa data temiam uma prisão do ex-presidente, mas o próprio não externava preocupação semelhante.
Seu braço direito na Presidência, o ex-ministro Moreira Franco, havia participado na quarta (20) de reunião da executiva do MDB. Ele mantinha viagens regulares a Brasília, durante as quais debatia o cenário político e tentava reestruturar o partido por meio de sua influência na Fundação Ulysses Guimarães.
Moreira agora também é alvo de operação da Polícia Federal.
Ruído na base
O presidente interino, general Hamilton Mourão, afirmou nesta quinta-feira (21) que a prisão do ex-presidente Michel Temer deixa um “ruído” na relação com o Congresso e que o governo tem “preocupação total” em garantir a base necessária para aprovação da proposta.
“A preocupação é total [com base] e nós vamos ter que trabalhar lá dentro do Congresso. É a conquista de corações e mentes”, disse Mourão ao deixar o Palácio do Planalto.
Por se tratar de uma PEC (proposta de emenda à Constituição), o projeto que modifica as regras de aposentadoria para o regime geral requer um apoio mínimo de 308 deputados, em votação que é feita em dois turnos. Já para os militares, cujas mudanças serão feitas por meio de lei ordinária, é necessária apenas maioria simples para aprovação.
O general assumiu a Presidência da República interinamente devido à viagem de Jair Bolsonaro ao Chile, para onde ele partiu na hora do almoço.