Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de outubro de 2017
Desde quinta-feira (05), o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, e o ex-diretor da entidade Leonardo Gryner passam os dias em uma das celas de 16 metros quadrados da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O local tem três beliches, chuveiro de água fria, pia e vaso sanitário.
O presídio é o mesmo que abriga o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). Os dois dirigentes dividem uma cela com outros dois detentos. A cadeia recebe presos com nível superior ou detidos por falta de pagamento de pensão alimentícia.
Nuzman e Gryner têm direito a tomar banho de sol por duas horas. Eles foram presos por suspeita de atuarem na compra de votos para a escolha da capital fluminense para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e ficarão detidos por pelo menos cinco dias. O Ministério Público poderá pedir a renovação da prisão temporária.
Colchões olímpicos
A cadeia pública ficou pronta em maio após uma reforma que beneficiou Cabral, que estava preso em Bangu 8. Antes, o local abrigava policiais do Rio acusados de crimes diversos e ganhou notoriedade por ter celas com mordomias.
Depois da reforma, o presídio foi equipado com colchões usados pelos atletas que disputaram os Jogos Olímpicos. Agora, os presidiários dormem neles. Cada detento tem direito a uma tomada e pode levar um ventilador. As refeições são feitas dentro da cela. O cardápio conta com arroz ou macarrão, feijão, uma porção de proteína (carne, frango ou peixe), salada, fruta ou doce de sobremesa e refresco. O café da manhã tem café com leite e pão com manteiga, e o lanche, suco e bolo. A nova unidade prisional é monitorada 24 horas por dia por meio de 53 câmeras instaladas dentro das galerias.
Habeas corpus
Na noite de sexta-feira (06), a defesa de Nuzman protocolou no Tribunal Regional Federal da 2ª Região um pedido de habeas corpus e de anulação da operação que levou à prisão do dirigente do COB. Na petição, os advogados do cartola afirmam que as investigações permitiram a “participação abusiva de autoridades francesas”, que deram origem às suspeitas sobre Nuzman no Brasil e que houve divergências entre o Ministério Público e a PF na operação.
A defesa do dirigente diz ainda que ele nunca exerceu cargo público e que a suposta compra de votos para o Rio de Janeiro sediar a Olimpíada envolveria apenas entidades privadas, um episódio, segundo os advogados, “longevo, ocorrido há cerca de oito anos”.
COI
O COI (Comitê Olímpico Internacional) se posicionou de forma dura em relação aos escândalos de corrupção envolvendo o esporte brasileiro. Na sexta-feira, o Comitê Executivo da entidade suspendeu provisoriamente o COB e seu presidente. Os pagamentos feitos ao Comitê Olímpico Brasileiro serão congelados, afirmou o COI, acrescentando que a punição não vai afetar atletas brasileiros. Individualmente, Nuzman foi provisoriamente suspenso de todos os direitos e funções como membro honorário do Comitê Olímpico Internacional.