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Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2015
A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de fatiar a Operação Lava-Jato contou com um operador discreto e eficiente: o advogado Nelson Jobim, ex-presidente da Corte, ex-ministro dos governos do PT e do PSDB, e relator da revisão constitucional de 1993. Jobim assumiu o papel de principal estrategista na orientação às empresas e executivos envolvidos na Lava-Jato, posto até o ano passado ocupado por outro jurista famoso e de reconhecida eficiência, o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, morto em 20 de novembro de 2014.
A atuação é vista como exitosa, a julgar pela comemoração dos advogados das empresas, da esperança renovada dos executivos e políticos presos ou acusados e pelas manifestações de inquietação do Ministério Público, da Polícia Federal e do próprio juiz Sérgio Moro. Com base na decisão do STF, os advogados das grandes empresas e de seus executivos já articulam uma ofensiva de contestações às decisões de Moro.
O fatiamento da Lava-Jato repercute também no Congresso e no Palácio do Planalto, locais que abrigam políticos citados e investigados, respondendo a inquérito, como o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e o ministro Aloizio Mercadante (ex-Casa Civil), ou já denunciados, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Desde que assumiu o papel de articulador, Jobim se reaproximou da presidenta Dilma Rousseff, tanto que foi designado como observador nas próximas eleições da Venezuela, país no qual empreiteiras, como a Odebrecht, têm forte presença. Em 2011, ele deixou o ministério da Defesa atritado com a presidente, mas manteve estreitas as relações com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o vice-presidente Michel Temer. Desde o ano passado, Jobim é chamado por diversos interlocutores não apenas para opinar, mas para dar diretrizes capazes de criar situações para dar novos nortes à operação. (Folhapress/AG)