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Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2019
O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, enviou uma carta à primeira-ministra, Theresa May, na qual afirma que propor a saída imediata do Reino Unido da União Europeia sem acordo é uma “ameaça” e pode ter um “resultado desastroso”. A reação ocorre no momento em que o governo negocia com partidos políticos alternativas para o Brexit, rejeitado na terça-feira.
“Estamos firmemente convencidos de que o ponto de partida para qualquer discussão sobre como quebrar o impasse de Brexit deve ser que descartar ameaça de um resultado desastroso de ‘nenhum acordo’”, diz o texto.
Segundo Corbyn, é uma posição compartilhada por todos os partidos da oposição, incluindo o DUP (Partido Democrático Unionista).
Negociações
Theresa May tem até segunda-feira (20) para apresentar o chamado “plano B”, a proposta alternativa à rejeitada, para fixar as regras para saída do Reino Unido da União Europeia.
Na quarta-feira (16) a primeira-ministra, que sobreviveu à moção de desconfiança, depois de o Parlamento rejeitar sua proposta de deixar a UE, convidou todos os líderes partidários a discutir individualmente uma saída do Brexit.
Corbyn afirmou que aceitará conversar com May apenas diante da certeza que a saída ocorrerá mediante um acordo.
Durante um discurso no distrito de Hastings, no sul da Inglaterra, Corbyn observou que é possível encontrar uma solução satisfatória.
“Somos sensatos, somos sérios e somos positivos nisso”, insistiu, observando que o segundo referendo na União Europeia continua sendo uma “opção”.
Moção de censura
O Parlamento do Reino Unido rejeitou na quarta-feira (16) a moção de censura à primeira-ministra, Theresa May. Com a decisão, ela se mantém no poder e em condições de buscar negociar um segundo acordo de saída dos britânicos da União Europeia. A votação ocorreu um dia após o Parlamento reprovar o Brexit, o acordo para o Reino Unido sair da União Europeia, provocando uma derrota histórica a May.
O Palácio de Westminster, onde funciona o Parlamento, teve um dia de debates acalorados. Dos 637 parlamentares, 325 votaram contra a moção e 306 a favor, 6 se abstiveram. Para ser aprovado, era necessária a obtenção de 320 votos favoráveis.
A primeira-ministra tem de apresentar uma segunda proposta ao acordo de saída da União Europeia.
Rejeição ao acordo
O Parlamento britânico rejeitou na terça-feira (15) o Brexit proposto pela primeira-ministra, Theresa May. Dos 600 parlamentares, 423 deputados reprovaram a medida e apenas 202 aprovaram a proposta.
Para o deputado Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista, foi a derrota mais pesada no Parlamento em 100 anos e anunciou a moção de censura. Há um movimento no Reino Unido que defende um novo referendo para perguntar à sociedade britânica sobre a saída da União Europeia.
Em Londres, capital do Reino Unido, muitos saíram às ruas em apoio à decisão do Parlamento e em comemoração à rejeição do Brexit.
A expressão Brexit reúne os termos British mais Exit, ou seja, “saída britânica”, e é utilizada para designar a retirada do Reino Unido da União Europeia. É uma alusão ao “Grexit” que designava o eventual abandono da Zona Euro da Grécia ou “Frexit”, a saída da França aventada por Marine Le Pen.
A data prevista, inicialmente, para implementar o Brexit, era a partir de 29 de março 2019 a 31 de dezembro 2020, definindo um período de transição para o Reino Unido.
Nessa fase, o Reino Unido estaria obrigado a cumprir todas as regras da União Europeia, mas perderia a sua participação nas instituições e a sede de várias agências terá de ser deslocada para outros países.
A decisão determina a relocalização da Agência Europeia do Medicamento de Londres para a Amsterdã, na Holanda, reunindo cerca de 900 funcionários, da Autoridade Bancária Europeia para Paris e a saída dos 73 eurodeputados britânicos do Parlamento Europeu.
Nos termos do acordo técnico, o período de transição pode ser prolongado, mas apenas por uma vez e por um ou dois anos, no máximo, até ao final de 2022. O prolongamento tem de ficar decidido pelas partes até 1º de julho de 2020.