Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de dezembro de 2017
Uma alta autoridade palestina do partido Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, disse nesta quinta-feira (7) que o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que tem visita prevista à região neste mês, “não é bem-vindo na Palestina”, segundo informações da agência de notícias Reuters.
“Em nome da Fatah, eu digo que não vamos receber o vice de Trump nos territórios palestinos. Ele pediu para se encontrar [com Abbas] no dia 19 deste mês em Belém, essa reunião não ocorrerá”, afirmou Jibril Rajoub. Os assessores de Abbas não estavam imediatamente disponíveis para comentar.
Na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como capital israelense e disse que vai transferir a embaixada norte-americana para a cidade, irritando os palestinos.
Má ideia
Apesar de o controvertido anúncio do presidente Donald Trump ter sido recebido com euforia por muitos da comunidade judaica e comemorado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, existem israelenses que acreditam ser uma má ideia os EUA reconhecerem Jerusalém como capital de Israel e transferir a embaixada de Tel Aviv para a cidade. As informações são da BBC.
Israel afirma que Jerusalém é sua capital única e indivisível, enquanto palestinos reivindicam que Jerusalém Oriental seja a capital de seu futuro Estado. Ambos alegam razões históricas para fundamentar o pleito.
A decisão de Trump compromete décadas de diplomacia americana, que intermediava um acordo de paz entre árabes e judeus e agora passa a ser visto como um ator sem neutralidade nas negociações. Por isso, o anúncio do presidente americano foi duramente criticado pela comunidade internacional, incluído líderes aliados.
A maioria dos países apoia a solução de dois Estados para resolver o confronto que se intensificou no início do século 20, com a disputa de judeus e palestinos pela capital Jerusalém.
Na tentativa de manter a neutralidade e não influenciar diretamente o já complicado acordo de paz na região, a comunidade internacional nunca reconheceu a soberania de Israel sobre a cidade. A maioria dos países, por exemplo, estabeleceu representações diplomáticas em Tel Aviv e arredores, mas não em Jerusalém.
À BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, Daniel Seidemann diz não ter dúvidas de que a decisão do presidente dos Estados Unidos será contraproducente por aumentar, potencialmente, a tensão na região.
“Claramente, é uma decisão desestabilizadora”, disse Seidemann, que foi assessor do primeiro-ministro israelense Ehud Barak (1999-2001). Ele considera que “israelenses, palestinos e norte-americanos vão estar menos seguros”.
“O que é o mais importante para o verdadeiro interesse nacional de Israel? O reconhecimento não resolverá a questão fundamental”, acrescenta.
Seidemann é diretor de uma organização não-governamental chamada Terrestrial Jerusalem, que se dedica a identificar o desenvolvimento dos assentamentos em Jerusalém – assentamentos são considerados ilegais pela comunidade internacional, posição que é contestada pelo governo israelense.