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Brasil O mercado prevê que a taxa básica de juros caia para 6,5%, mas a taxa do cartão ainda passa de 300%

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O limite de dedução para educação é de R$ 3.561,50 por ano. (Foto: Divulgação)

O gerente predial Edivaldo Grosso, 63 anos, vive um drama financeiro. Com um salário mensal de R$ 2,5 mil, ele acabou recorrendo a dois cartões de crédito para fechar as contas. Só que, como os juros nessa modalidade estão atualmente em 320% ao ano, em apenas seis meses a sua dívida saltou de pouco mais de R$ 2,5 mil para R$ 6 mil.

Para não ter o seu nome incluído nas listas de inadimplentes, Edivaldo foi obrigado a renegociar e dividir o débito em 12 meses, para não ter o nome incluído em listas de inadimplentes. Atualmente, ele paga parcelas mensais de R$ 630, ou seja, 25% de sua renda está comprometida pelos débitos com cartões de crédito.

“Nunca fiz cálculo de juros. Mas não vejo chegar ao bolso dos cidadãos essa queda das taxas que o governo vem promovendo”, queixa-se Edivaldo.

Muitos brasileiros têm essa percepção. A taxa básica de juros (Selic, referência para o sistema bancário) passou de 14,25% ao ano em outubro de 2016, para 6,75% hoje. E a expectativa é de que, na próxima quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) a reduza para 6,5%, e um novo patamar mínimo histórico.

Economistas e especialistas avaliam que o País tem condições de manter esse nível de juros por um período prolongado (o que também é uma novidade) mas, apesar disso, os brasileiros ainda têm de conviver, em seu dia-a-dia, com taxas de juros exorbitantes, em muitos casos superiores a 300% ao ano. O juro só caiu mesmo para quem investe: as aplicações de renda fixa estão cada vez menos atraentes.

Segundo especialistas, o cartão de crédito e o cheque especial, cujos juros anuais também giram em torno de 300%, são considerados “pontos fora da curva” e devem se ajustar. Pressionados pelo governo, os bancos prometem adotar novas regras para o cheque especial, reduzindo juros para evitar que a dívida dos clientes se transforme em uma bola de neve.

A ideia é que essa modalidade de crédito seja usada por um tempo limite, evitando os chamados “juros sobre juros”. Com o mesmo objetivo, o governo também determinou mudanças nas regras do rotativo do cartão de crédito.

Cenário

Para um país que já teve juros de 3.000% ao ano, conviver com taxas de um dígito significa uma forte mudança estrutural. Analistas lembram que isso só é possível em um cenário de estabilidade econômica, longe da inflação descontrolada que o Brasil viveu até a década de 1990.

A recessão dos últimos anos permitiu ao BC promover cortes seguidos na taxa Selic, sem risco de alimentar a inflação. Para os brasileiros, dizem os especialistas, vem agora uma fase de adaptação – tanto do ponto-de-vista do investimento quanto do planejamento financeiro, para a compra da casa própria, por exemplo.

“Este ciclo de juros baixos será o mais duradouro que o País teve, já que a inflação atualmente está se mantendo abaixo de 3%”, ressalta a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander. Ela espera uma alta da Selic somente no segundo semestre de 2019, encerrando o ano que vem em 8,25% e com inflação em torno de 4%.

Quem pesquisa o mercado de crédito com cuidado já consegue encontrar juros mais baixos. No crédito imobiliário, por exemplo, alguns bancos já oferecem taxas entre 9% a 9,5% ao ano. Há dois anos, esses juros giravam em torno de 12%. Para quem contratou o financiamento com taxa de 12%, os especialistas recomendam recorrer à portabilidade, ou seja, migrar a dívida para um banco que tenha um juro menor, ou até mesmo negociar com a própria instituição uma redução da dívida.

“Esse tipo de renegociação vale para qualquer tipo de dívida, não só o crédito imobiliário”, pondera Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de pesquisas econômicas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças). Já do ponto de vista do investimento, os especialistas concordam: quem desejar um retorno melhor, terá de correr riscos.

Aposentadoria

O especialista de investimentos Mauro Calil, do banco Ourinvest, menciona que o fundo DI (aplicação atrelada aos títulos públicos corrigidos pela Selic e a mais conservadora do mercado) rende pouco. No mês passado, o retorno foi de 0,38%, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), menos que a poupança, que rendeu 0,40%.

Também muda a perspectiva de longo prazo para quem planejava se aposentar aplicando em planos que contêm apenas títulos públicos atrelados à Selic. Para Oliveira, da Anefac, quem mantiver os recursos nesses produtos mais conservadores terá de fazer aportes maiores para garantir a renda que projetou quando os juros estavam mais altos: “Outra alternativa é aplicar uma parte dos recursos em ações, que podem ter um retorno melhor a longo prazo”.

 

tags: Brasil

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