Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 29 de novembro de 2017
Em meio a uma onda de denúncias de assédio sexual envolvendo parlamentares nos Estados Unidos, a Câmara de Representantes do país aprovou nessa quarta-feira a obrigatoriedade de que os legisladores e seus colaboradores passem por cursos de formação antiassédio sexual.
A adoção da medida contou com a unanimidade do Parlamento. Desse modo, a partir do ano que vem, cada um dos seus 435 membros e os milhares de assalariados e estagiários que trabalham lá deverão receber uma formação sobre assédio e “direitos e responsabilidades” individuais no meio profissional.
“O fato de que algumas pessoas que trabalham aqui sofram com um ambiente ameaçador ou hostil quando vieram servir o país e seus ideais (…) é inaceitável, é uma vergonha. Não podemos tolerar esse tipo de comportamento e não o toleraremos”, declarou o presidente republicano da Câmara, Paul Ryan.
Desde 1997, foram aprovados ao menos 264 acordos entre empregados e empregadores na Câmara que envolveram o pagamento de indenizações. Não se sabe quantos deles eram sobre assédio sexual.
No Senado, o democrata Al Franken pediu desculpas por gestos inapropriados que fez há anos. Dentre os republicanos, Roy Moore, candidato ao Senado em uma eleição parcial no Alabama no próximo 12 de dezembro, enfrenta acusações de agressão sexual de menores há décadas.
Estatísticas
Dados do governo norte-americano apontam que 44% das servidoras da administração federal dizem ter sofrido assédio sexual. No Congresso, mais da metade das queixas é relacionada a isso. Em média, custam US$ 53 mil aos cofres públicos americanos em acordos trabalhistas —nos últimos 20 anos, eles somaram US$ 12,7 milhões.
Tudo isso foi pago com dinheiro público, e em sigilo: qualquer servidor que denuncie assédio precisa assinar um termo de confidencialidade, antes mesmo de iniciar a negociação.
O processo é lento: todo denunciante precisa passar por 30 dias de aconselhamento e depois fazer um novo pedido formal para uma mediação, desta vez com a presença do agressor. Ele pode firmar um acordo ou, então, decidir acionar a Justiça, mas só depois de 90 dias.
“O sistema foi feito para proteger o assediador. Não é um processo amigável para a vítima”, disse a uma TV a deputada democrata Jackie Speier, para quem o treinamento representa apenas “um pequeno passo”.