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Economia Paulo Guedes sonha há mais de 30 anos com uma agenda ultraliberal para a economia, mas esbarra na resistência de Bolsonaro

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A maioria em cargos adjuntos, os quadros atuais serão mantidos no futuro governo por causa do conhecimento da máquina pública. (Foto: Divulgação)

O economista Paulo Guedes acalenta, há mais de 30 anos, o sonho de liderar, do Ministério da Fazenda, a implantação de uma agenda ultraliberal na economia. Por ela, o Estado seria mínimo, até na saúde; não haveria despesas obrigatórias; e brasileiros teriam de cuidar mais de si – incluindo de sua aposentadoria. Guru de Jair Bolsonaro (PSL), líder da corrida presidencial, Guedes nunca esteve, portanto, tão perto da realização. Não fosse por dois obstáculos nada triviais, além do veredicto das urnas: a complexidade das propostas e a resistência do capitão às ideias que abastecem seu “Posto Ipiranga”. As informações são do jornal O Globo.

Aos 69 anos, investidor milionário, Guedes acredita que o aperto fiscal vem sendo negligenciado pelos governos “da social-democracia” desde 1985, criando uma bola de neve de gastos que rendeu alto endividamento e uma fatura anual de quase R$ 400 bilhões em juros. Para o economista, é hora de começar a fazer caixa: “Vamos desestatizar”, diz.

Guedes defende a privatização do maior número possível das 146 estatais, para levantar R$ 700 bilhões. Rechaça argumentos de que empresas como a Petrobras têm função em políticas públicas, como Caixa e Banco do Brasil, e diz que “não aceita isso como regra”. Acredita que até mesmo hospitais e universidades poderiam ser repassados à iniciativa privada, mas nega ser dogmático. O que é preciso, defende, é “marcar território”.

“Um social-democrata diz assim: ‘Eu gosto de estatais. Uma ou outra eu posso vender’. Foi o que eles fizeram. O liberal-democrata diz: ‘Eu não gosto de estatais, mas deixo algumas’. A regra é a seguinte: o setor privado é que investe”, afirma, embora reconheça que, além de precisar de aval do Congresso, a venda de estatais abateria, hoje, no máximo 17% da dívida.

O economista também advoga uma reforma administrativa para estancar o terceiro maior conjunto de despesas da União, o funcionalismo. Guedes, porém, não fornece detalhes; só diz que “aumento automático” de vencimentos está fora de questão e descarta propor o fim da estabilidade:

“Não preciso mandar embora, basta não ter essa atitude complacente. O Brasil está afundando e tem uma turma aí que nem sente: tem estabilidade de emprego, generosa aposentadoria, salário indexado.”

Para a Previdência, Guedes não só defende a proposta de reforma encaminhada pelo governo Temer como decreta a insolvência do atual modelo de repartição (trabalhadores da ativa financiam os aposentados). Ele quer um modelo de capitalização (o trabalhador faz sua própria poupança para o futuro). Mas não apresenta o custo de transição e nem a forma de financiá-lo. Prefere um argumento moral:

“Estamos indo para o alto mar no avião em que a gasolina vai acabar. Acho um crime contra as gerações futuras nós condenarmos nossos filhos e netos a entrarem no mesmo avião.”

Orçamento “zero”

O planejamento federal também passaria por mudança radical. Guedes defende que o Orçamento seja base zero, ou seja, sem qualquer vinculação entre receitas e despesas. Hoje, diversas receitas são constitucionalmente destinadas a gastos específicos.

Para o economista, a medida obrigaria rigor fiscal e maior comprometimento dos parlamentares:

“O ideal é a desvinculação total. Acaba esse jogo (de toma-lá-dá-cá na negociação de apoio). Em vez de ser um picareta, pedir um cargo, vai chegar a Brasília e decidir quanto vai para segurança, defesa, saúde. Essa é a função do representante do povo.”

Guedes admite que ainda não tem uma proposta pronta e que há dificuldades para convencer três quintos do Congresso a acabar com despesas obrigatórias em saúde e educação, por exemplo. Mas ele defende que é preciso fechar brechas:

“Hoje, o Orçamento é aprovado na quinta-feira à noite, mas você aprova Zona Franca de Manaus por 20 anos (R$ 24 bilhões de renúncia fiscal em 2019) na quarta-feira à tarde, quando está todo mundo distraído.”

As bússolas da agenda de Guedes estão dadas. Resta saber se Bolsonaro está disposto a ser orientado por elas.

tags: economia

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