Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2018
O ex-jogador Pelé confirmou ter encontrado com o senegalês Lamine Diack, membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) acusado de ter vendido voto para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, mas negou ter discutido propina. Ele prestou depoimento como testemunha na ação penal que apura a venda de votos no COI em favor da cidade brasileira.
Pelé fez diversas viagens pela África como um dos principais garotos-propaganda da candidatura do Rio e foi arrolado pela defesa do ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) Carlos Arthur Nuzman.
“Estive com o senhor Lamine [Diack]. […] Essa conversa [sobre propina] pode ter sido em particular, com os diretores [do comitê de candidatura]. Comigo, nunca ouvi isso”, disse ele.
Pelé respondeu perguntas durante meia hora. O Rei afirmou ter sido convidado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral para participar da campanha pela escolha do Rio como sede da Olimpíada, ter feito “três ou quatro” viagens internacionais para divulgar a candidatura e não ter conhecimento de qualquer negociata feita durante essas viagens. “Eu não fazia parte das reuniões da cúpula”, afirmou.
O ex-jogador foi membro de uma comitiva à Nigéria em julho de 2009 com membros do comitê de candidatura da Rio-2016.
Em depoimento aos procuradores brasileiros e franceses, Eric Maleson, ex-presidente da CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo), afirmou que meses após a viagem à Nigéria o ex-secretário municipal Ruy César “lhe tinha indicado que o encontro tinha se passado bem e lhe tinha feito compreender que o dinheiro tinha sido pago”.
Pelé disse não se recordar especificamente da viagem à Nigéria, mas mencionou por três vezes o nome de Lamine em seu depoimento.
Nuzman é acusado, junto com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e o ex-diretor da Rio-2016 Leonardo Gryner, de ter pago ao menos US$ 2 milhões ao senegalês Lamine Diack, ex-membro do COI, em troca de votos para a candidatura da cidade brasileira.
Pelé depôs via Skype de sua residência, em São Paulo. Era possível ver um andador no canto da imagem.
O ex-jogador havia adiado o depoimento em razão de tratamento de saúde. Pelé convive com problemas médicos desde 2012. De lá para cá, foi submetido a três cirurgias – no fêmur, no menisco e na coluna.