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Brasil Saiba como o discurso de Jair Bolsonaro mudou ao longo de 27 anos na Câmara dos Deputados

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Um conjunto de 16 termos, com palavras como "direitos humanos", "PT" e "tortura", tiveram pico no mandato passado de 2011 a 2014. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

“Só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil! Começando com FHC! Não deixa ele de fora não!”. O trecho é de uma entrevista de Jair Bolsonaro (PSC-RJ), então deputado pelo antigo PPR (Partido Progressista Reformador). A gravação foi ao ar na TV Bandeirantes do Rio, em 1999, e viralizou na internet este ano.

Quem assiste às declarações hoje em dia pode pensar que o deputado e pré-candidato a presidente sempre foi dado a falas polêmicas, identificadas com a direita.

Mas não é bem assim: a BBC Brasil analisou 1.540 discursos de Bolsonaro no Plenário da Câmara dos Deputados, feitos ao longo dos 27 anos de mandato do militar reformado. Embora sempre tenha se identificado com a direita, o Bolsonaro do início da carreira era muito mais preocupado com a defesa dos interesses dos militares (sua base eleitoral de então) do que em polemizar com o PT e a esquerda.

Bolsonaro se elegeu deputado pela primeira vez nas eleições de 1990. Em seu primeiro mandato como deputado, de 1991 a 1994, palavras como “militar”, “forças armadas”, “benefícios”, “salários” e “pensões” apareceram 702 vezes, nos resumos e palavras-chave dos 279 discursos feitos por ele no Plenário naquele período. Já no atual mandato, de 2015 até agora, o mesmo conjunto de 16 palavras só aparece 110 vezes, em um conjunto de 143 discursos.

Ou seja: conforme ampliava o eleitorado graças à popularidade nas redes sociais, a discussão dos interesses da caserna foi perdendo importância nas falas do político carioca, embora este tema ainda esteja presente na agenda de Bolsonaro. Em maio, por exemplo, o deputado participou de uma sessão solene em homenagem à Esquadrilha da Fumaça.

Mas, enquanto não via a si mesmo como representante do espectro ideológico de direita, Bolsonaro chegou a ocupar a tribuna da Câmara para tecer elogios à deputada federal Luiza Erundina (hoje no PSOL), então no PSB e sempre reconhecida como um quadro de esquerda.

“Aproveito a oportunidade para, de público, agradecer a Vsa. Exa, deputada Luiza Erundina, pelo que já fez pela classe militar das Forças Armadas enquanto esteve à frente da administração. Tenha a certeza de que não nos esquecemos (…). Na vida pública, precisamos de gente como V. Exa., que olha para todos como brasileiros, independente de estarem fardados ou não (…)”, disse ele em 12 de março de 1999.

No mesmo discurso em que elogiava a parlamentar, Bolsonaro aproveitou para criticar o regime democrático instalado anos antes.

Com o passar do tempo e aumento de sua projeção nacional, os assuntos corporativos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica recuavam. O tempo de Bolsonaro na tribuna passou a ser ocupado cada vez mais com assuntos com “apelo” no novo público do deputado, que o conheceu principalmente na internet.

Um outro conjunto de 16 termos, com palavras como “direitos humanos”, “PT”, “tortura”, “Cuba”, “esquerda” e “gays” tiveram um pico no mandato passado (2011 a 2014). Aparecem 297 vezes nesse período, mas só foram citados 41 vezes no primeiro mandato de Bolsonaro (1991-1994).

É verdade que as opiniões de Bolsonaro sobre direitos humanos e de minorias não mudaram tanto ao longo do tempo. São exemplos disso um discurso criticando o grupo Tortura Nunca Mais já em dezembro de 1996 (uma das primeiras menções ao tema), ou um outro contrário à demarcação de uma reserva indígena Ianomami em 1992.

O que mudou foi a intensidade: estes temas, antes minoritários, ganharam importância, enquanto a defesa de pautas corporativas perdeu espaço.
A estratégia parece ter dado certo: o eleitorado de Bolsonaro extrapolou o círculo de militares e seus familiares. Em 2014, o deputado foi o mais votado na disputa pela Câmara, com 464 mil votos, segundo dados do Tribunal Superior Eeleitoral.

Um relatório de agosto da empresa de comunicação e pesquisa FSB posiciona Bolsonaro como o parlamentar mais influente nas redes sociais, entre todos os deputados e senadores brasileiros.

No atacado, a pauta militar aparece de longe como a mais importante nos discursos de Bolsonaro, historicamente. Contando só as palavras-chave, o termo “militar” é o mais citado, com 1054 menções. “Forças Armadas” aparece 300 vezes. Em comparação, o termo “Direitos Humanos” tem apenas apenas 139 aparições.

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