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Brasil Saiba quais eram as estratégias da Odebrecht para esconder o dinheiro movimentado pelo setor de propina da empreiteira

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Revelações foram feitas nas delações premiadas (Foto: Reprodução)

A Odebrecht usou uma série de estratégias para esconder os cerca de US$ 3,370 bilhões (R$ 10,6 bilhões) movimentados entre 2006 e 2014 pelo seu setor de propinas. De acordo com as delações de alguns de seus ex-executivos, a construtora tinha métodos que variavam de serviços superfaturados com devolução do dinheiro no exterior a pagamentos legais e registrados.

A Odebrecht teve seus balanços financeiros auditados nos últimos anos pela PriceWaterhouseCoopers, uma das quatro maiores auditorias internacionais. A empresa teve de criar formas de registrar a saída do dinheiro usado para pagar propinas do seu balanço financeiro. Esse dinheiro formava uma espécie de caixa 2, administrado pelo departamento de Operações Estruturadas, o setor que gerenciava o pagamento de propinas.

Com base nos depoimentos de Carlos Paschoal, Benedicto Júnior, João Nogueira, Marcos Grillo, Fábio Gandolfo e Henrique Valladares, foram identificadas quatro estratégias usadas.

Notas superfaturadas

Ao contratar o serviço de outra empresa, a Odebrecht combinava que o valor cobrado fosse superior ao custo do serviço e o lucro. Após receber o depósito superfaturado, a empresa contratada pela Odebrecht devolvia a diferença para a empresa e abastecia o setor de Operações Estruturadas da construtora.

Um dos esquemas mais lembrados pelos delatores envolveu a empresa Jan de Nul, com sede em Luxemburgo, contratada para um serviço de dragagem para uma obra do Programa de Desenvolvimento de Submarinos. “Como havia nesse projeto uma necessidade de dragagem de 15 milhões de metros cúbicos, era uma oportunidade interessante para a geração de caixa 2”, explica Marcos Grillo, em sua delação. A orientação geral da empreiteira era não gerar caixa 2 dentro do Brasil e priorizar negociações que envolvessem o depósito do dinheiro no exterior, segundo Benedicto Júnior. A regra, no entanto, tinha suas exceções.

Comissão fictícia

Benedicto Júnior, responsável pelo setor de Operações Estruturadas, lembra de casos em que empresas da própria Odebrecht apareciam como intermediárias de um negócio. Elas recebiam uma comissão pelo suposto serviço, mas devolviam os valores à própria Odebrecht via caixa 2. “Eram contratos entre empresas que a gente tinha que geravam um remanescente que virou caixa dois”, explicou Benedicto.

Consultoria

Outra estratégia era camuflar o pagamento de propina em serviços de consultoria. Esse tipo de operação era feito de forma legal, sem usar caixa 2 ou passar pelo departamento de Operações Estruturadas. A Odebrecht teria usado esse recurso para exercer influência no BNDES, segundo o depoimento de João Nogueira, ex-diretor crédito à exportação da Odebrecht. Ele disse que Luiz Eduardo Melin, ex-diretor da Área Internacional do BNDES, agilizava o trâmite dos processos da empresa dentro do banco.

Cervejaria

A Odebrecht encontrou na Cervejaria Petrópolis, dona da marca Itaipava, uma aliada no pagamento de propina. Segundo os delatores, a empresa tinha um caixa 2 próprio, formado a partir da venda de cerveja que não era declarada. Um banco em Antígua sugeriu a parceria entre as duas empresas.

Com o acordo, a Petrópolis realizava diretamente os pagamentos de propinas a políticos ligados à Odebrecht para a construtora, que devolvia os valores à dona da Itaipava em contas no exterior ou através de serviços de construção no País.

Em nota, o Grupo Petrópolis informou que foi uma das primeiras empresas do Brasil a apoiar e adotar o Sistema de Controle de Produção de Bebidas, da Receita Federal, e desconhece qualquer processo de fraude ou sonegação de impostos na produção de cervejas. (AG)

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https://www.osul.com.br/saiba-quais-eram-as-estrategias-da-odebrecht-para-esconder-o-dinheiro-movimentado-pelo-setor-de-propina-da-empreiteira/ Saiba quais eram as estratégias da Odebrecht para esconder o dinheiro movimentado pelo setor de propina da empreiteira 2017-05-06
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