Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de outubro de 2018
Alguns dizem ter memória fotográfica, enquanto outros dizem se esquecer facilmente das feições dos conhecidos. Pela primeira vez, cientistas conseguiram estimar quantas faces, em média, um ser humano é capaz de reconhecer: 5 mil. Normalmente, as pessoas vivem cercados por dezenas, ou pouco mais de uma centena de rostos conhecidos, mas o resultado sugere que somos capazes de lidar com milhares de faces que encontramos no mundo moderno, entre estrelas de TV e interações em redes sociais.
“Nosso estudo focou no número de rostos que as pessoas realmente conhecem, nós ainda não encontramos um limite de quantas faces diferentes o cérebro pode lidar”, disse Rob Jenkins, do departamento de Psicologia da Universidade de York e líder da pesquisa. “A habilidade de distinguir diferentes indivíduos é claramente importante. Ela permite que você rastreie o comportamento das pessoas ao longo do tempo e que você modifique o seu próprio comportamento como resposta.”
Os resultados fornecem uma base para comparar o tamanho do “vocabulário facial” humano com softwares de reconhecimento facial, que são cada vez mais utilizados para a identificação de pessoas em meio a multidões. No estudo, os participantes passaram uma hora listando quantos rostos de suas vidas pessoais conheciam, incluindo pessoas com quem estudou ou trabalhou, colegas e parentes. Depois, fizeram o mesmo com pessoas famosas, como atores, políticos e outras figuras públicas.
No início, os voluntários escreviam os rostos conhecidos com facilidade, mas com o passar do tempo ficava cada vez mais difícil lembrar de alguém. Dessa forma, a mudança no ritmo de novas descrições permitiu aos pesquisadores estimar quando a memória por rostos conhecidos acabaria. Para os rostos famosos, os participantes foram apresentados a milhares de fotografias e tinham que apontar os reconhecidos. Duas fotos de cada pessoa eram apresentadas para garantir a consistência.
Os resultados mostraram que os participantes conheciam entre 1 mil e 10 mil rostos, com média de aproximadamente 5 mil.
“A extensão pode ser explicada por algumas pessoas terem uma aptidão natural. Existem diferenças em quanta atenção as pessoas dão aos rostos e na eficiência no processamento de informações”, explicou Jenkins. “Além disso, pode refletir diferentes ambientes sociais, com alguns participantes tendo crescido em locais mais densamente povoados e mais interações sociais.”
Reconhecimento facial
O reconhecimento facial começa a deixar o campo dos aplicativos de segurança —onde é usado para identificar bandidos ou destravar smartphones —e chegar ao ramo do varejo convencional, e a outras áreas do comércio.
Companhias de aviação planejam facilitar as viagens dos passageiros permitindo que embarquem bagagens e cuidem de outras tarefas por meio de selfies. Cadeias de varejo pretendem enviar um vendedor para atender um cliente caso uma câmera leia sua expressão facial e o identifique como irritado.
A tecnologia, no entanto, enfrenta um grande obstáculo: a preocupação dos consumidores.
Brendan Miller, analista do grupo de pesquisa Forrester, diz que a maioria dos varejistas continua bastante nervosa com as questões de privacidade associadas ao reconhecimento facial e a tecnologias semelhantes, e preferem não personalizar demais as coisas. “É por isso que ainda estamos em modo beta, devido à preocupação e ao medo quanto a rastreamento”, ele diz.
Grandes empresas de tecnologia vêm dedicando recursos ao reconhecimento facial há anos. O Facebook usa para sugerir “tags” para fotos. A Amazon fornece sua plataforma de reconhecimento facial a agências policiais e outras organizações. A Apple introduziu o Face ID com o iPhone X, no ano passado, e em 2016 adquiriu uma startup chamada Emotient que usa inteligência artificial para ler expressões faciais.
O reconhecimento facial, no entanto, precisa enfrentar uma questão séria: a privacidade. Na China, a tecnologia é usada de maneira muito intrusiva, e se generalizou a tal ponto que seus usos variam de oferecer sugestões de pedidos nos restaurantes KFC a notificar pessoas que atravessam fora da faixa de pedestres ou a monitorar a quantidade de papel higiênico usada em banheiros públicos.