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Colunistas Só resta o voto

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A eleições deste ano ocorrem no próximo domingo. (Foto: EBC)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

No Brasil, neste momento de desilusões e desesperanças, em que muitos, independente de patrimônio, de ideologia, de patrão ou de empregado, perguntam e se perguntam: “para onde vamos”? ou “para onde nos levam”? não é possível excluir de apreciação o voto.

Voto, aqui e sobretudo agora, é artigo de 1ª necessidade. Entendeu-se, de maneira imperativa, faze-lo bilateral. Isto é, direito/dever. Deixou-se de lado os saudáveis exemplos de tradicionais e consistentes democracias do chamado mundo judaico-cristão. Não se aproveitou o que parece logico; ou seja, o voto, na sua histórica trajetória. Ele é essencialmente uma conquista com total inspiração em princípios liberais.

No Brasil, modificaram-no para fazê-lo figura jurídica atípica, transformando a conquista da cidadania (um direito puro) num processo burocrático de desvirtuamento de sua origem e de seu destino. O que era – e é – mundo a fora (direito) virou instituição adulterada, hermafrodita.

O tema me vem à mente quando vejo os resultados da eleição para governador em Tocantins.

Cinquenta e dois por cento do eleitorado não compareceu ou anulou o voto. Também estão computados nesse número os votos em branco. Logo, a cada cem eleitores registrados, votaram apenas 48, validamente.

Claro que era um pleito fora de época. Claro que era consequência da cassação do governador, tido como vitorioso e que a Justiça destituiu do cargo (depois de um processo de mais de 3 anos em que o ora afastado, pela lentidão do Judiciário, mesmo vencendo graças à procedimentos ilegais, governou, como réu, por cerca 40 meses o Estado).

Claro que a eleição, ora apurada – é só por coincidência verbal – é para um mandato de apenas seis meses. Claro que o eleitor sabe que, dentro de 3 meses, haverá outro pleito em que se escolherá o governante para um mandato de 4 anos.

Enfim, com todas essas peculiaridades – que, segundo defensores do voto direito/dever explicariam o baixíssimo e minoritário número de votos válidos – e mais uma alegada limitação de tempo de campanha de (TV, rádio etc) que não teria possibilitado aos candidatos fazer-se bem conhecidos dos eleitores.

Quanto a este último argumento, sou obrigado a confessar que me acode um questionamento inquietante: será que não é melhor, para certos candidatos, não ser muito conhecidos?

Não seria mais realista admitir que, na eleição de agora, em Tocantins (onde venceu um partido minúsculo derrotando as siglas tidas como poderosas, abandonadas pelo eleitorado) vale como um aviso prévio de que pode acontecer na eleição geral de outubro.

Num momento em que o Legislativo (Câmara), numa farsa deprimente, alegando autonomia do Poder, mantem o mandato de meia dúzia de parlamentares, já condenados e “hospedados” no presidio da Papuda; em que o Executivo, com ex-ministros saindo dos seus gabinetes com ordem de prisão, ao mesmo tempo em que alguns remanescem não demonstrando um mínimo de dignidade de se ver legitimamente chicoteados pela impressa que, para quebrar a monotonia, a cada dia, destaca um delito diferente o que identifica a criatividade delinquente do “figurão”.

Restaria, como boia de salvação, o Judiciário.

Cuidado. Você pode afundar junto com a boia.

A enfermidade moral que vira vírus, nos escalões mais altos, leva-nos a lutar, até juntando as últimas reservas de ingenuidade e crendice – lembrando o Candide de Voltaire – para não desconfiar – o que seria o obvio ululante do Nelson Rodrigues – da evidencia dos sinais do pecado; para, num compromisso de fé, admitir que são justas certas liminares inexplicáveis; para, por muito crédulos, acreditar na necessidade do pedido de vista de quem – inclusive porque – questionado no seu ingresso – de Cortes Supremas já viu até demais.

Enfim, o ideal seria tomar um banho de esperança mas também ela desapareceu da praça e está sendo vendida –não sei se a legitima – no cambio negro.

Há que se lutar com a única (e última) arma que temos: o voto. Esse que, no Tocantins, desapareceu – mesmo sendo, numa contradição, obrigatório quando, muito mais do que isso, é um direito exclusivo.

Não se pode esquecer: a grande maioria dos que cometem os crimes de bilhões (há que lembrar sempre: quem rouba do Governo, na verdade rouba do cidadão) são os que tem mandato. Incrível: a sociedade os escolheu.
Foram eleitos pelo descuido – as vezes ainda mais lamentável: pelo desinteresse – do eleitor de hoje, vítima de armadilhas. Cuidemo-nos.

Cuide-se, caro eleitor

O seu voto não pode dar armas (poderes) para quem vai usa-las contra você.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/so-resta-o-voto/ Só resta o voto 2018-06-29
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