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Seis meses antes das eleições nos Estados Unidos, julgamento de Donald Trump no caso de documentos retidos tem data marcada

Integrantes do Grande Júri tiveram seus dados pessoais vazados em redes sociais. (Foto: Reprodução)

O julgamento do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre apropriação indevida de documentos sigilosos do governo terá início em 20 de maio de 2024, decidiu a juíza responsável pelo caso, Aileen Cannon, nessa sexta-feira (21). Caso o cronograma se mantenha, o julgamento poderá atrapalhar a campanha de Trump para a Casa Branca no próximo ano, representando um revés para o principal pré-candidato para a nomeação do Partido Republicano e sua equipe jurídica, que queria adiar o processo para depois do pleito, que ocorre em novembro de 2024.

O ex-presidente foi processado por 37 acusações – das quais se declarou inocente – de reter caixas inteiras de documentos, incluindo alguns classificados como “ultrassecretos” após sua saída de Washington em 2021, e de ter se recusado a devolvê-los, violando as leis federais.

A definição da data do julgamento, desfavorável para Trump, também foi de encontro ao pedido do Departamento de Justiça, que queria que o cronograma fosse adiantado para dezembro deste ano. As investigações contra Trump são lideradas pelo promotor especial Jack Smith, nomeado pelo secretário de Justiça Merrick Garland em novembro passado.

O julgamento será realizado no tribunal de Fort Pierce, na Flórida, uma cidade costeira a duas horas e meia ao norte de Miami, e que terá como júri vários condados que Trump venceu com folga em suas duas campanhas presidenciais anteriores.

O momento do processo é mais importante neste caso do que na maioria das questões criminais, porque Trump, aos 77 anos, é o favorito à indicação presidencial republicana e suas obrigações legais de estar no tribunal se cruzarão com seu cronograma de campanha. De fato, a data definida pela juíza cairá um dia antes das primárias no estado decisivo da Geórgia, mas também será após a maior parte das disputas.

Trump é réu em duas ações criminais – na Justiça estadual de Nova York, pelo caso Stormy Daniels, e na Justiça federal, por este caso dos documentos sigilosos –, mas os problemas com a Lei não abalaram sua campanha. Segundo o RealClearPolitics, ele tem a intenção de voto de 53% dos republicanos nas primárias, contra 20,6% de Ron DeSantis, governador da Flórida – indicando que a disputa contra o atual presidente Joe Biden se repetirá, como em 2020.

O ex-presidente também está sob os holofotes por seu suposto papel no ataque ao Capitólio por uma multidão de partidários em janeiro de 2021. O julgamento criminal do caso aberto em Nova York provavelmente será realizado no início de 2024.

Entenda o caso

Nos Estados Unidos, uma lei de 1978 exige que todo presidente americano entregue todas as suas cartas, e-mails e outros documentos de trabalho ao Arquivo Nacional. Outra lei, sobre espionagem, proíbe qualquer pessoa de manter documentos confidenciais em locais não autorizados e sem segurança.

Ao deixar a Presidência para se estabelecer em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump levou consigo caixas inteiras de documentos. Em janeiro de 2022, após ser cobrado várias vezes, ele concordou em devolver 15 caixas contendo mais de 200 documentos confidenciais. Por e-mail, seus advogados garantiram que não havia outros.

O FBI (a polícia federal dos EUA), porém, afirmou que ele não havia devolvido tudo. Em agosto do ano passado, agentes fizeram buscas em Mar-a-Lago e apreenderam outras 30 caixas contendo 11 mil documentos, incluindo alguns altamente confidenciais sobre o Irã e a China.

Denunciando veementemente o que chamaram de operação midiática, seus advogados criticaram o FBI por publicar uma foto mostrando documentos confiscados carimbados como “Top Secret” em um tapete florido. Para reprimir as alegações de jogo sujo, o secretário de Justiça, Merrick Garland, nomeou o promotor especial Jack Smith para supervisionar a investigação, assim como uma outra sobre o papel de Trump no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por uma turba de apoiadores radicais do ex-presidente. As informações são dos jornais O Globo e The New York Times e de agências internacionais de notícias.

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