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2016 será o ano das mulheres no cinema

Na pele da estrategista política Jane Bodine em “Especialista em Crise”, Sandra Bullock confirmou sua nova postura de somente fazer papéis escritos para homens. (Crédito: Reprodução)

Uma lidera uma máfia implacável. Outra comanda um exército. Elas usam armas de fogo, espadas e fúria e lutam contra tudo, desde mortos-vivos até o capitalismo das grandes empresas. Mais uma leva de filmes dominados por homens? Não exatamente. Alguns dos personagens mais instigantes, diversificados e originais a serem mostrados nos próximos anos serão representados por mulheres.

A mafiosa é Kate Winslet, em um papel que difere muito de seus anteriores. Ela é Irene no suspense “Triple 9”, que estreia no dia 26 deste mês. Em abril, Helen Mirren fará uma oficial da inteligência militar no drama “Eye in the Sky”. Em “Orgulho, Preconceito e Zumbis”, a nova Elizabeth Bennett representada por Lily James ficará com Mr. Darcy não no salão de bailes, mas no campo de batalha, diante de um exército de mortos-vivos.

Esses filmes são a prova de que os papéis femininos no cinema finalmente estão se ampliando muito. Um grande sucesso de Hollywood em 2015 foi “Mad Max: Estrada da Fúria”. O remake da franquia icônica de Mel Gibson arrecadou 375 milhões de dólares nas bilheterias, mas o crédito foi para Charlize Theron no papel de Furiosa. No thriller “Sicario – Terra de Ninguém”, Emily Blunt foi aclamada pela crítica pelo papel principal da agente do FBI Kate Macer, apesar de os criadores do filme terem admitido que foram pressionados a reescrever o papel para um homem.

Sandra Bullock já disse que só vai considerar fazer papéis escritos para homens. Por isso, ela fará a estrategista política Jane Bodine em “Especialista em Crise”. A personagem é inspirada em James Carville, o consultor político de Bill Clinton, e foi escrita originalmente para um homem, mas Sandra convenceu George Clooney, o produtor, que era perfeito para ela. “Não quero que os papéis masculinos mudem, mas se acho que uma mulher pode representar um papel eu vou atrás.”

Transformação lenta.

O cinema dá papéis importantes às mulheres, mas Hollywood foi e ainda é dominada por homens. Segundo um estudo de 2014 do Instituto Geena Davis do Gênero na Mídia, tanto nos EUA quanto no Reino Unido, apenas 30% dos filmes de maior bilheteria tinham protagonistas ou coprotagonistas mulheres. “A percentagem de personagens femininos com falas nos filmes de maior bilheteria não mudou muito em meio século”, aponta o estudo. “Quando são retratadas em conteúdos populares, as mulheres muitas vezes são estereotipadas e sexualizadas.”

O estudo do Instituto Geena Davis destaca ainda: “Hollywood é ágil quando se trata de capitalizar sobre novas plateias e oportunidades no exterior, mas demora a criar papéis complexos e convincentes para mulheres”.

Alison Owen, produtora de “As Sufragistas”, concorda: “Hollywood fala muito em mudar, mas no Reino Unido vemos bem mais mudanças concretas. Ainda há um caminho muito longo a percorrer, não apenas nos papéis principais mas também nos coadjuvantes e até figurantes.” (Folhapress)

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