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2019 começou com otimismo, enfrentou entraves e teve boas notícias na área econômica ao final do ano

O dólar atingiu a maior cotação nominal da história. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O ano de 2019 começou com expectativas positivas para a economia, com a promessa de reformas, melhora nas contas públicas, queda no desemprego e retomada do investimento e do crescimento.

Mas, ao longo dos meses, parte desse otimismo foi se dissipando. A demora maior que a esperada na aprovação da reforma da Previdência, aliada a diversas crises políticas, foi minando a confiança dos empresários e consumidores, e criando entraves à recuperação econômica do País.

Confiança baixa

O ano começou com otimismo e confiança entre investidores e consumidores. A melhora dos dados econômicos no final de 2018, aliada a um novo governo com agenda econômica com promessas de mudanças e incentivos, fez os indicadores de confiança da Fundação Getúlio Vargas começarem 2019 próximo aos 100 pontos, nos maiores patamares desde 2014.

As incertezas com relação à economia, no entanto, começaram a cobrar seu preço em pouco tempo. Em maio, sem sinais de retomada do emprego e da renda, a confiança dos consumidores atingiu seu ponto mais baixo. Na indústria, o “vale” foi alcançado em julho, enquanto os estoques se acumulavam nos depósitos.

Crescimento frustrado

Assim como ocorreu em anos anteriores, as expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foram sendo reduzidas ao longo do ano. Em janeiro, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, esperavam que o PIB chegasse ao final do ano com uma alta de cerca de 2,5%.

Mas, enquanto a reforma da Previdência patinava e o governo mantinha travadas outras medidas de incentivo à economia, o otimismo foi perdendo fôlego. Em agosto, as projeções atingiram seu pior nível, com o Focus apontando para uma estimativa de alta de 0,8% no PIB anual.

Inflação baixa

Para os brasileiros que ainda têm vivos na memória os anos de alta desenfreada dos preços, 2019 foi um alento. A inflação não deu sustos em ninguém ao longo do ano – exceto pela alta nos preços das carnes a partir de novembro, resultado de um pico de exportações do produto para a China.

Em outubro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, considerado a inflação oficial do país) chegou a cair abaixo do piso estabelecido pelo governo, de 2,75%.

Desemprego resistente

Se a economia não cresce, empresas não investem e consumidores não compram, o resultado é sentido na pele pela população: o desemprego. Ao longo do ano, a taxa variou pouco, e se manteve acima de 11%. Chamou a atenção a persistência do desalento – pessoas que deixaram de procurar emprego por algum motivo –, que se manteve acima de 4%.

O ano foi marcado ainda pela alta informalidade, que bateu sucessivos recordes enquanto os brasileiros buscavam uma ocupação no trabalho por conta própria, na falta de vagas formais. A estimativa é que mais de 38 milhões de pessoas estejam nessa situação no final do ano.

Juros em baixa

A inflação em queda, por outro lado, abriu espaço para a queda dos juros no país. A taxa básica de juros, a Selic, que começou 2019 em 6,5% ao ano, começou a cair em julho, e vai chegar ao final do ano em 4,5% – a menor desde que foi estabelecido o regime de metas de inflação no país. O recuo veio na contramão da alta esperada pelos economistas dos bancos, que viam a Selic a 7% no fim do ano.

O Banco Central usa essa taxa para auxiliar no controle de preços: se a inflação sobe, juros altos tornam o crédito mais caro e fazem contrair o consumo, refletindo em alta menor de preços. Com a inflação já baixa, os juros são reduzidos e ajudam a baratear o crédito, apoiando o consumo.

Bolsa

Juros mais baixos significam ganhos menores nos investimentos em renda fixa – e boa notícia para o mercado de ações, que se torna um destino mais atrativo para o investidor em busca de maiores retornos.

Ajudada ainda por outros fatores, como juros baixos também no exterior e um clima positivo nos mercados mundiais, a bolsa brasileira bateu sucessivos recordes em 2019. Em março, o Ibovespa, principal indicador do mercado, alcançou os 100 mil pontos pela primeira vez. E em dezembro, chegou aos 112 mil.

Dólar

Se a trajetória de crescimento decepcionou, a alta do dólar espantou. A previsão do mercado no boletim Focus do início do ano era que a moeda norte-americana chegasse ao final de 2019 cotada ao redor de R$ 3,80, próxima ao patamar do encerramento de 2018.

Já em março, no entanto, a alta da moeda começou a ganhar força, e em maio voltou a fechar acima dos R$ 4. Já em novembro, bateu recordes nominais sucessivos – por enquanto, a maior cotação foi a de R$ 4,2584, em 27 de novembro.

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