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Nova fase da Lava-Jato prende executivo e advogado por causa de fraudes em contratos de 682 milhões de reais de uma empresa da Petrobras

De acordo com um dos auxiliares do ministro da Economia, ao abrir exceção para os policiais, o presidente dificulta que outras contratações sejam evitadas. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

O empresário do Grupo Estre Wilson Quintella Filho, o advogado Mauro de Morais e um ex-executivo foram presos na 59ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada pela PF (Polícia Federal) na manhã desta quinta-feira (31). Ao todo, são investigados 36 contratos que totalizaram, entre 2008 e 2017, mais de R$ 682 milhões, assim como pagamentos ilícitos superiores a R$ 22 milhões. As investigações miram o pagamento de propinas pelo Grupo Estre em contratos de serviços na área ambiental, reabilitação de dutos e construção naval da Transpetro, da Petrobras.

Durante a ação, batizada de Quinto Ano, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária na capital paulista e em Araçatuba, no interior de São Paulo.

As investigações tiveram início a partir de declarações de Sérgio Machado, que é ex-presidente da Transpetro e foi indicado e mantido no cargo pelo então PMDB. Ele celebrou acordo de colaboração com o MPF (Ministério Público Federal). Machado revelou que ajustou com Wilson Quintella o pagamento de propinas de pelo menos 1% dos contratos firmados pelo Grupo Estre (Estre Ambiental, Pollydutos e Estaleiro Rio Tietê) com a estatal.

Investigações

As propinas foram pagas por Quintella em espécie a Machado e seus emissários, mediante sucessivas operações de lavagem de capitais que envolveram o escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados, afirma o MPF.

A Receita Federal apurou, ainda conforme os procuradores, que a banca advocatícia recebeu, entre 2011 e 2013, cerca de R$ 22,3 milhões de empresas do Grupo Estre, sem que tenha prestado efetivamente qualquer serviço. As investigações apontam que, logo após a realização dos depósitos nas contas controladas por Mauro Morais, ocorriam saques fracionados em espécie e isso era feito como uma forma de burlar os controles do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). No período, o advogado foi responsável por sacar mais de R$ 9,5 milhões, segundo o MPF.

Machado disse em depoimento que os valores em espécie foram entregues no escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados por um ex-executivo do Grupo Estre e homem de confiança de Wilson Quintella e de Mauro. Os procuradores afirmam que o esquema criminoso pode ter ido além da Transpetro. Segundo os procuradores, a atuação criminosa de Wilson Quintella e seu grupo possivelmente alcançou outras áreas, inclusive do sistema Petrobras.

“Após quase cinco anos de Lava-Jato, é impressionante que alguns criminosos ainda apostem na impunidade. Há empresas e pessoas com milhões de reais transacionados sem explicação econômica e documental plausível que são alvos dessa investigação, que ainda tem muito por avançar. A melhor chance para aqueles que receberam e intermediaram propinas é sair das sombras voluntariamente e colaborar com a Justiça”, afirmou o procurador Júlio Noronha.

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