Ícone do site Jornal O Sul

A Arábia Saudita anuncia a prisão de 298 funcionários do governo por suspeita de corrupção

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, durante encontro com o secretário de Estado americano. (Foto: Mandel Ngan/Reuters)

A Arábia Saudita anunciou no domingo (16) a detenção de centenas de funcionários do governo, incluindo militares e oficiais de segurança. Em mais uma onda de prisões entre funcionários de vários escalões do governo saudita, 298 pessoas foram detidas sob acusações que vão de abuso de poder a cobrança de propina no cargo. Um órgão anticorrupção conhecido como Nazaha publicou em uma rede social a prisão e o indiciamento das autoridades sob acusação de crimes como suborno, peculato, exploração de cargos públicos e abuso de poder, envolvendo um total de 379 milhões de riais (R$ 505 milhões). A agência não forneceu os nomes dos detidos.

Entre os envolvidos estão oito oficiais do Ministério da Defesa suspeitos de suborno e lavagem de dinheiro em relação a contratos governamentais entre os anos de 2005 e 2015, além de 29 funcionários do Ministério do Interior da Província Oriental, incluindo três coronéis, um general principal e um general brigadeiro.

Dois juízes também foram detidos porque teriam recebido propina, assim como nove funcionários acusados de corrupção na Universidade AlMaarefa, em Riad, disse Nazaha.

No começo do mês, o governo saudita ordenou a prisão de três integrantes da família real, incluindo o ex-sucessor da coroa, Mohammed bin Nayef, por razões ainda não explicadas. A ordem veio diretamente do primeiro na linha de sucessão do rei Salman, o príncipe Mohammed bin Salman, que desde 2017, quando foi alçado ao posto, vem realizando uma espécie de purga nos altos escalões do governo, se livrando de adversários em potencial. Com a saúde de seu pai, de 81 anos, inspirando cuidados, o príncipe se tornou na prática o líder do país, levando adiante planos de modernização da economia, ao lado de ações como a intervenção militar no Iêmen, iniciada quando ainda ocupava o Ministério da Defesa. O conflito provocou uma das maiores crises humanitárias do planeta.

Dezenas de figuras da elite política e econômica do reino já haviam sido detidas em 2017 no hotel Ritz-Carlton, na capital, Riade, em uma operação anticorrupção que chocou investidores estrangeiros.

Na ocasião, foram presos 11 príncipes e dezenas de ministros e antigos secretários de Estado, em uma ação sem precedentes, na qual o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, 32, buscou consolidar seu poder.

Foram ainda destituídos o chefe da Guarda Nacional, o chefe da Marinha e o ministro da Economia.

As prisões daquele ano ocorreram logo após a emissão de um decreto real para criar uma comissão anticorrupção liderada pelo príncipe herdeiro.

No ano passado, autoridades disseram que passariam a investigar funcionários comuns do governo. As informações são da agência de notícias Reuters e do jornal O Globo.

 

Sair da versão mobile