A companhia aérea francesa Aigle Azur, que entrou com pedido de recuperação judicial, suspendeu desde o início da semana dezenas de voos por falta de recursos para garantir o serviço. Pegos de surpresa, milhares de brasileiros que haviam comprado passagem ficaram sem o bilhete – e muitos deles não receberam, até o momento, o reembolso do valor pago. As informações são do portal G1.
Todos os voos para o Brasil (Campinas-Viracopos), Mali e Portugal foram cancelados subitamente na quinta-feira (5), “diante dos imperativos de segurança”, afirma um comunicado divulgado nesta manhã. Os trajetos à Ucrânia e Argélia, principal rota da companhia, estão bastante afetados. Todas as vendas de passagens a partir de 10 de setembro foram suspensas.
De acordo com o procedimento de recuperação, enquadrado pela justiça comercial francesa, a empresa tem o prazo até segunda-feira (9) para conseguir um comprador e evitar a falência.
O consulado brasileiro em Paris está sendo procurado por cidadãos preocupados com as viagens marcadas, inclusive turistas que estão na França e, agora não têm mais passagem de volta para o Brasil. “A Direção Geral da Aviação Civil francesa (“Direction Générale de l’Aviation Civile”) informa que no momento não há definição sobre o tratamento reservado aos litígios”, diz uma nota publicada pela diplomacia em seu site. “O consulado-geral sugere aos passageiros titulares de passagens aéreas da companhia Aigle Azur que obtenham informações junto às agências de viagem onde adquiriram suas passagens aéreas ou, caso tenham adquirido as passagens com cartão de crédito, junto ao respectivo serviço bancário”, completa o texto.
Voos transatlânticos low-cost: aposta arriscada
Os problemas financeiros da companhia aérea já se arrastam desde o início do ano e levaram até à devolução de alguns aviões. A escalada de desentendimentos entre acionistas resultou na “desconfiança e deterioração do clima social” na Aigle Azur, e motivou agora o pedido de insolvência, admitiu a companhia num comunicado interno, divulgado pela imprensa francesa.
A empresa é uma das mais antigas da França: fundada em 1946, transportou quase dois milhões de passageiros em 2018, com faturamento de € 300 milhões no período. O que a levou à beira da falência em tão pouco tempo foi a aposta nos voos low-cost, inclusive nos trajetos transatlânticos, como ao Brasil. “Passamos a fazer Paris-Berlim por € 30, mas o nosso modelo econômico era baseado em tarifas de € 300 para ir para a Argélia”, revelou um piloto ao jornal Libération.
Outra companhia europeia, a Norwegian, passa por problemas semelhantes. A Air France chegou a se seduzir pelo desafio, com a Joon – que fechou apenas um ano depois de iniciar o serviço a baixo custo, que fazia o trajeto Paris-Fortaleza.
A Aigle Azur tem 11 aviões e 1.150 funcionários, que acompanham com apreensão o desenrolar dos acontecimentos. Na quarta-feira (4), o diretor-presidente Frantz Yvelin pediu demissão.
O futuro da empresa agora depende das ofertas que a companhia pode receber nos próximos quatro dias. Há diversos compradores potenciais, como Gérard Houa, um acionista minoritário, a Air France ou ainda Lionel Guérin e Philippe Micouleau, ex-dirigentes da Air France.
