Na tarde desta quarta-feira (17), o ex-presidente do Peru Alan García se suicidou com um tiro. O fato aconteceu durante a execução de um mandado da polícia peruana para apreender García, acusado de estar envolvido em um esquema bilionário de corrupção entre o primeiro escalão de políticos do Peru e a empreitera Odebrecht.
O caso contra ele faz parte da chamada Lava-Jato peruana e avançou após a delação premiada do advogado brasileiro José Américo Spínola, que afirmou no Brasil ter pago 100 mil dólares a García a pedido da Odebrecht.
García afirma que recebeu o dinheiro como pagamento de uma palestra feita na Fiesp, em São Paulo, sem nenhuma relação com corrupção. Mas não foi só ele envolvido no escândalo da Odebrecht: todos os ex-presidentes peruanos eleitos desde 2000 e uma liderança do partido da oposição foram alvos de investigação e mandados de prisão por conta do escândalo.
As delações e admissões de culpa da gigante da construção brasileira não se limitam apenas à Operação Lava-Jato no Brasil ou aos casos do Peru, chegando também a Colômbia e Equador.
Odebrecht no Peru
Em dezembro de 2016, a empreitera brasileira Odebrecht admitiu perante a Justiça americana que pagou US$ 29 milhões em propinas no Peru entre 2005 e 2015 para os governos de plantão, intermediários e empresários. Em contrapartida, a empresa, nesse intervalo, obteve contratos pelo valor de US$ 12 bilhões em território peruano. Inclusive, a Odebrecht já estava presente no Peru desde 1979, quando realizou sua primeira obra no país.
O período citado na admissão complicou todos os ex-presidentes peruanos desde o início deste século. Ou seja, os ex-presidentes Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala foram todos implicados. E não parou por aí: o ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, foi acusado pelo período em que foi ministro da Economia de Toledo. Até a liderança da oposição, Keiko Fujimori, chegou a ser atingida no caso revelado pela Odebrecht.
Um fugitivo
Pouco depois, em fevereiro de 2017 a Justiça peruana ordenou a prisão preventiva de Alejandro Toledo (que governou o país entre 2001 e 2006). Mas o ex-presidente não é encontrado. Por precaução, sabendo que poderia ser detido, ele havia partido discretamente do Peru poucos dias. Desde então, Toledo reside nos Estados Unidos, enquanto a Justiça peruana tenta conseguir sua extradição. Ele diz que não voltará porque não acredita na honestidade do judiciário de seu país. Afirma, também, que é um “perseguido político”.
