Após três horas de espera, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou na tarde dessa sexta-feira ato que realizaria em Passo Fundo, onde manifestantes haviam fechado a principal via de acesso à cidade. O ex-presidente chegou a esperar pela desobstrução da estrada, mas, por motivo de segurança, foi obrigado a cancelar sua visita à cidade.
Manifestantes, em sua maioria apoiadores do deputado Jair Bolsonaro, bloquearam o acesso do ex-presidente à cidade. Informados pelo rádio, eles usaram tratores e queimaram pneus para obstruir a passagem da caravana. À espera de Lula na beira da estrada, os manifestantes carregam ovos, chicotes, correntes e até um taco.
Presidente do sindicato dos ruralistas da cidade, Jair Dutra Rodrigues diz que os ovos são para o almoço. A Brigada Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para dissipar os manifestantes.
Por terra
Lula, acompanhado da também ex-presidente Dilma Rousseff, estiveram em Chapecó no fim da tarde dessa sexta-feira. Os dois chegaram ao aeroporto do município em um Hyundai Azera de cor prata por volta das 18h30min e seguiram para o interior do local passando pelo setor administrativo. Lula tinha agenda no Rio Grande do Sul, mas por conta de manifestações que o impediram de entrar em Passo Fundo, precisou mudar os planos e seguir por terra para Chapecó.
Do Oeste catarinense Lula e Dilma decolaram, por volta das 19h, rumo a Porto Alegre em um avião fretado para cumprir o restante da agenda prevista no Rio Grande do Sul. O ex-presidente tinha ato público marcado para às 19h em São Leopoldo.
Cerca de 20 pessoas estavam no entorno do aeroporto gritando palavras de ordem e se manifestando contrariamente ao ex-presidente. Alguns, inclusive, carregavam caixas de ovos. Ninguém chegou a ter acesso a Lula ou a ex-presidente Dilma.
Escolta do MST
Enfrentando protestos, desde terça-feira, a caravana conta com uma escolta do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). A região Sul, escolhida para a quarta etapa da caravana, é onde o ex-presidente tem menos apoio.
Segundo pesquisa Datafolha feita no fim de janeiro, 23% dos eleitores da região manifestaram intenção de votar no petista, contra 41% no Norte e 56% no Nordeste, por exemplo.
Conscientes do grau de hostilidade ao partido na região, petistas chegaram a questionar a oportunidade da passagem pelo Sul, mas Lula insistiu em ir.
O plano inicial é de, durante nove dias, Lula percorrer os três estados da região, totalizando 2.700 quilômetros.
Petistas comentam caravana
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), e os demais parlamentares da bancada dos estados do Sul, classificam a caravana como um momento histórico para a região que viveu grandes transformações proporcionadas pela gestão do presidente Lula durante seus oito anos de mandato.
“A caravana no Sul, além de proporcionar que o presidente Lula possa ver de perto a realidade transformada pelas ações de seu governo, e da gestão da presidenta Dilma, ele também terá contato com a realidade que mudou a vida de milhões de brasileiros”, avaliou Pimenta.