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A campanha de Bolsonaro já recuou ou teve de contornar polêmicas em oito temas

Emocionado, Bolsonaro fez um agradecimento por estar vivo após ter sido esfaqueado em um ato de campanha, em setembro. (Foto: Fernando Frazão/ABr)

Em busca de ampliar o eleitorado, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) voltou atrás em propostas controversas e adotou tom mais ameno na reta final da campanha para driblar temas sensíveis. Os últimos recuos foram sobre a fusão do Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente e a junção da pasta da Fazenda com a de Indústria, Comércio Exterior e Serviços. As informações são do jornal O Globo.

A fusão de Agricultura e Meio Ambiente foi reavaliada depois que setores do agronegócio e ambientalistas fizeram alertas sobre o impacto da proposta. Os primeiros reconhecem possíveis prejuízos em negociações internacionais, que levam em conta práticas ambientais dos países exportadores, enquanto o segundo grupo entende que a medida prejudica o controle do desmatamento. A união das duas pastas faria parte do plano para reduzir de 29 para 15 o número de ministérios.

Representantes da indústria visitaram o presidenciável no Rio e lhe pediram que mantivesse a estrutura autônoma de Indústria e Comércio Exterior, fora da Fazenda. Em transmissão ao vivo no Facebook, na noite de quarta-feira, o militar destacou que pode acolher a sugestão dos executivos “sem problema nenhum”, caso seja interesse do setor e do Brasil.

Bolsonaro também tem acenado com alterações em algumas de suas propostas históricas, como a redução da maioridade penal. O plano de governo defende a redução para 16 anos, enquanto a maioridade aos 18 anos está prevista na Constituição, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Código Penal. Prevendo dificuldades na aprovação de sua proposta, Bolsonaro já estuda uma redução progressiva e a fixação da idade mínima em 17 anos.

O presidenciável ainda tem feito recuos sobre propostas de aliados. Discursos do general Hamilton Mourão sobre uma nova Constituição e o 13º salário, por exemplo, foram desautorizados.

Veja os principais recuos da campanha de Bolsonaro:

Voto programático de bancada

O consultor da área econômica de Bolsonaro, Paulo Guedes, também falou de um acordo que teria feito com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a adoção do que chamou de “voto programático de bancada”, em que todos os votos de uma bancada seriam computados a seu favor caso um projeto recebesse mais da metade dos votos dos parlamentares. A proposta não foi bem aceita pela campanha e, em seguida, Guedes veio a público ressaltar que Bolsonaro o desautorizou a ter conversas sobre política desde então.

Novo imposto

Em setembro, o jornal “Folha de S. Paulo” divulgou que o economista Paulo Guedes sugeriu a criação de um imposto, “nos moldes da CPMF”, durante encontro com investidores. No mesmo dia, o presidenciável correu para as redes sociais e prometeu, se eleito, trabalhar pela redução de impostos.

Proposta de nova Constituição

A proposta de uma nova Constituição, feita por um grupo de juristas, constitucionalistas e notáveis, aventada pelo candidato a vice, general Hamilton Mourão, foi rechaçada por Bolsonaro logo que veio a público. Segundo o candidato a vice, o texto poderia ser aprovado em plebiscito pela população, sem que fosse necessário uma Assembleia Constituinte. O capitão negou a possibilidade, inclusive de convocação de Constituinte: “Ele é general e eu sou o capitão, mas eu sou o presidente”.

Extinção de direitos trabalhistas

Mourão classificou o décimo terceiro salário e o abono de férias como “jabuticabas brasileiras” e disse que os direitos seriam um peso para empresários durante palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS). O presidenciável foi às redes, desautorizou o vice e frisou que o direito está previsto na Constituição e destacou que criticar é, além de uma “ofensa a quem trabalha”, uma “confissão de desconhecimento” sobre o texto constitucional.

Fechamento do STF

O caso mais recente na modulação do discurso veio após a reação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) às declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato, sobre a possibilidade de fechar o tribunal. Ele falou, em um vídeo gravado em julho, que “para fechar o Supremo”, bastaria “um soldado e um cabo”. Após a repercussão negativa da fala, Bolsonaro se desculpou pelo episódio, e disse que quem tem a ideia precisa de psiquiatra.

Maioridade penal

Proposta histórica do candidato, a redução da maioridade penal também deve sofrer alterações. O presidenciável defendia no plano de governo a redução de 18 para 16 anos. A maioridade penal aos 18 anos está prevista na Constituição, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Código Penal. Prevendo dificuldades na aprovação, Bolsonaro já considera propor uma redução progressiva e a fixação da idade mínima em 17 anos.

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