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A candidatura de Sérgio Moro a vice-presidente da República racha a base política de Bolsonaro.

Ex-juiz tem resistência de evangélicos e de setores políticos. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

A possibilidade de Sérgio Moro ser candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro em 2022 racha a base do governo. Uma parte da bancada evangélica, por exemplo, é contra a ideia.

“O ministro Moro tem apoio da mesma base de eleitores conservadores do presidente. É preciso somar, atrair outros grupos”, diz o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP). “Os evangélicos, por exemplo, vão ser disputados a tapa”, segue ele. “O presidente precisa fidelizar esse grupo.”

Moro também tem resistência de setores políticos que apoiam Bolsonaro e que rejeitam o ex-juiz por seu passado na Operação Lava-Jato.

Celulares

O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, homologou nesta terça (3) a delação de Luiz Henrique Molição, um dos suspeitos de invadir celulares e aplicativos de autoridades, entre as quais o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e procuradores da Operação Lava-Jato.

A homologação é necessária para que os investigadores possam dar continuidade à busca de provas com base nas informações obtidas na delação. Ao homologar (validar) o acordo de delação, o juiz considera que o delator não sofreu coação e confirma a punição negociada por ele com o órgão de investigação (Polícia Federal ou Ministério Público) em troca das informações que forneceu.

Estudante de direito, Molição foi preso em setembro, em Sertãozinho (SP), em uma das etapas da Operação Spoofing, da Polícia Federal, deflagrada em julho para desarticular uma suposta organização criminosa que praticava crimes cibernéticos. De acordo com as investigações da PF, o grupo teve acesso a contas do aplicativo de troca de mensagens Telegram de autoridades.

Outro dos presos na operação, Walter Delgatti Neto, admitiu à Polícia Federal que entrou nas contas de procuradores da Lava-Jato e disse ter repassado mensagens ao site The Intercept Brasil, que publicou uma série de reportagens com diálogos entre as autoridades.

Entrevista

O ministro Sérgio Moro cedeu uma entrevista para a Rádio Jornal Caruaru na manhã de segunda para falar sobre a campanha do pacote anticrime. A proposta busca mudar a legislação elaborada pela Ministério da Justiça e Segurança Pública que está em tramitação no congresso nacional.

O objetivo do projeto é ter mais efetividade para combater a corrupção, crimes organizados e crimes violentos.

Durante a entrevista, Moro afirma que está com boas expectativas para que o projeto seja aprovado. “Estamos tomando várias ações importantes na área da segurança pública. Para que possamos avançar mais na redução da criminalidade, precisamos ter o apoio do Legislativo. Apresentamos esse projeto do pacote anticrime no congresso e houve essa expectativa do projeto ser votado ainda essa semana. Nós acreditamos que poderemos avançar muito nessa área da segurança pública.”

O ministro ainda destacou a redução da criminalidade devido aos governos estaduais e federal. “Um dos principais fatores se deve às ações do governo federal. O crime se combate de várias maneiras. Uma delas é reduzir a impunidade”, afirmou.

Ao ser questionado sobre qual das modificações de lei propostas pelo projeto anti crime o ministro destacaria, Moro apontou três, dentre eles o julgamento em 1ª instância. “Um dos fatores que estimula a prática de crimes é a impunidade. Nós propomos que a decisão do júri passe a valer na primeira instância. Quando alguém é condenado, ele já começa a cumprir a pena”, explica ele.

Em relação a discussão da prisão em 2ª instância que será discutida no próximo ano, o ministro afirma que gostaria de vê-la aprovada o quanto antes. “É uma questão simples, mas as coisas devem acontecer. Se alguém foi absolvido de um crime, a pessoa fica tranquila. Mas se a pessoa foi condenada, ela precisa sofrer as consequências, senão o sistema não funciona”.

Ao fim da entrevista, ao ser questionado se via a soltura do ex-presidente Lula como uma ameça para a ordem pública, Sérgio Moto disse que não gostava de falar sobre o assunto.”O ex-presidente Lula, eu nem gosto muito de falar dele. Sinceramente ele faz parte do meu passado e do passado do País”, finaliza.

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