Ícone do site Jornal O Sul

A carga ideológica do passe livre para apenados

Sede da Assembleia Legislativa

São tempos de "guerra" suja. Muito suja. Às vezes, estrategicamente às escondidas. Às vezes, debochadamente às claras. Foto: Reprodução

Deputados estaduais do Rio Grande do Sul desistiram de projeto que concedia passe livre no transporte coletivo intermunicipal para criminosos condenados e beneficiados com o regime semiaberto. A proposta, que permitiria longas viagens grátis para gente com esse prontuário, confortavelmente sentado ao lado de quem pagou a passagem, para não ficar na rodoviária, causou estupefação e revolta ao ser noticiada.

Não bastasse viver acuada pelo crime, a cidadania ainda passaria a ter menos direitos do que um criminoso. Como o custo seria naturalmente “socializado” entre os usuários pagantes, o cidadão ainda seria o financiador das viagens de algozes da sociedade, para qualquer lugar do Estado, sabe-se lá com que objetivo real. Menos mal que a proposta absurda não resistiu às primeiras críticas.

Não importa a redação e a justificativa do projeto, cuja autoria, agora, ninguém quer assumir. Não importa quem sejam os autores dessa ideia abusiva e abusada. Não interessa falar desses quatro ou cinco. Nem falo deles. Falo do ideário que os move, porque é o mesmo que controla o país. É esse modo quase romântico de tratar o crime que produz boa parte da infelicidade nacional. É essa visão ideológica que trata mensaleiro como herói e juiz como vilão.

É essa ideologia que, além da segurança pública, cada vez mais ausente, dá as tintas à educação, cada vez mais destruída. Não é por nada que aumenta a cada dia a quantidade de pais indignados com a manipulação ideológica nas escolas. São mentiras sobre o capitalismo. Mentiras sobre o comunismo. Mentiras sobre a família. Mentiras sobre as religiões. Mentiras sobre os corruptos. Mentiras sobre a Justiça. São mentiras sem fim, tentando cooptar crianças e adolescentes.

São tempos de “guerra” suja. Muito suja. Às vezes, estrategicamente às escondidas. Às vezes, debochadamente às claras. O projeto é avançar aos poucos, minando as estruturas da democracia para abrir caminho para a ditadura (de esquerda, considerada boa, e jamais de direita, vista como péssima, quando, em verdade, ambas são asquerosas). Cada passo à frente contra o cidadão livre será pequena-grande vitória da escravidão política.

O importante é tornar a cidadania cada vez menos significativa. O importante é ter gente assustada. Menos confiante. Mais desiludida. Menos ambiciosa. Mais coletivista. Menos individualista. Mais formiga. Menos elefante. Mais calada. Menos polêmica. Mais fraca. Menos resistente ao controle. Enfim, pusilânime, devedora do Estado, dependente do Estado, como os bandidos, carentes, coitados!

Quando a dignidade humana for destruída, quando todos puderem ser vistos por eles como nós vemos os bandidos hoje, então eles vão nos oferecer passe livre. Passe livre em ônibus velhos, podres, caindo aos pedaços. Como é em Cuba. Como será na Venezuela dentro de pouco tempo. Eles querem o pior dos mundos, porque somente o pior dos mundos é capaz de optar pelo caminho da política, sem política, praticada com mão de ferro.

Caso o povo se renda, serão dias para esquecer. E nenhum de nós poderá reclamar. Nenhum! E, talvez, muitos, com a dignidade destruída, até fiquem sensibilizados pelo “grande benefício” do passe livre. Sensibilizados, como os apenados ficariam, hoje, se os deputados esquerdistas garantissem passe livre para eles cruzarem o Estado de Sul a Norte, de Leste a Oeste. Se você pensa que já viu tudo, não viu nada, viu!

Sair da versão mobile