A China substituirá quase inteiramente suas importações de soja dos Estados Unidos por grãos brasileiros e de outras origens na próxima temporada, mas poderá ficar sem a oleaginosa no início de 2019, disse à Reuters um executivo de uma grande esmagadora chinesa nesta terça-feira (4).
A previsão da empresa é uma das mais pessimistas sobre o impacto da guerra comercial entre Washington em Pequim para os agricultores norte-americanos.
As importações dos Estados Unidos, que normalmente ocupam o segundo lugar entre os maiores fornecedores da China, vão cair para apenas 700 mil toneladas na temporada 2018/19 a partir deste mês, disse Guo Yanchao, vice-presidente do Jiusan Group.
Isso se compara a 27,85 milhões de toneladas de soja em grão importada nos EUA no ano anterior.
Já as importações vindas do Brasil saltarão para 71,06 milhões de toneladas, com o restante vindo da Argentina, Canadá, Rússia e outros países, disse Guo em uma conferência do setor.
Mas os estoques da commodity podem acabar até fevereiro ou março do ano que vem, quando a oferta de soja do Brasil é limitada, disse o executivo.
Principal exportador
Em abril o cenário das tarifas impostas pela China sobre os produtos importados dos Estados Unidos indicavam que poderiam favorecer as vendas da soja brasileira para o gigante asiático.
O Brasil foi o principal exportador de soja para a China em 2017, seguido dos EUA.
Foram embarcadas 50,9 milhões de toneladas da commodity ao país asiático no ano passado, um aumento de 33% ante o ano anterior, enquanto os Estados Unidos forneceram 32,8 milhões de toneladas, mostram dados do Departamento de Alfândega da China.
Guerra comercial
Em abril, os EUA anunciaram tarifas sobre produtos chineses, alegando violação de propriedade intelectual. Em resposta à taxação, a China impôs tarifas de 25% sobre 128 produtos dos EUA, entre eles a soja.
Os dois países vêm fazendo consecutivos anúncios de barreiras comerciais e retaliações, gerando temores sobre uma guerra comercial. Como os envolvidos são as principais potências mundiais, o conflito tende a afetar a economia de outros países em nível mundial. Isto porque as cadeias de produção e consumo estão interligadas.
Paridade militar
Um programa de modernização centrado em forças navais e mísseis mudou o equilíbrio de poder no Pacífico de um modo que os EUA e seus aliados estão apenas começando a digerir.
Se por um lado a China se arrasta para projetar seu poder de fogo em uma escala global, por outro agora o país pode desafiar a supremacia americana nos lugares com que mais se importa: as águas no entorno de Taiwan e no disputado Mar do Sul da China.
Isso significa que uma área cada vez maior do Oceano Pacífico — onde os Estados Unidos vêm operando sem rivais desde as batalhas navais da Segunda Guerra Mundial — voltou a ser território disputado, com navios de guerra e aviões militares chineses frequentemente encontrando os equivalentes americanos e de seus aliados.
Em abril passado, no 69º aniversário da fundação da Marinha chinesa, o primeiro porta-aviões construído no país saiu do estaleiro nesta cidade portuária, puxado por rebocadores, para verificar se estava pronto para navegar.
“O primeiro porta-aviões construído na China acabou de se mover um pouquinho, e EUA, Japão e Índia já se contorcem”, celebrou um site de notícias militares, referindo-se aos três países vistos pela China como seus maiores rivais.
Não muito tempo atrás, gabar-se assim seria visto apenas como a bravata de um país com um Exército de segunda classe. Não mais.
