Nessa terça-feira, a arquiteta Mônica Tereza Benício, companheira da vereadora Marielle Franco (PSOL), prestou depoimento à Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ainda muito abalada com o assassinato da parlamentar, ocorrido há uma semana, ela chegou à unidade cercada de amigos e não quis conceder entrevista à imprensa.
Uma assessora de Marielle também prestou esclarecimentos aos investigadores. Nos próximos dias, outros funcionários do PSOL, amigos e parentes da vereadora deverão ser ouvidos. Nesta fase da investigação, a polícia tenta estabelecer possíveis motivos para o crime.
“Toda a família está dilacerada”, declarou o deputado estadual e ex-candidato à prefeitura carioca Marcelo Freixo, do mesmo partido, que também esteve na delegacia. Ele não prestou depoimento, apenas acompanhou as depoentes. “A polícia vai ouvir quantas pessoas quiser ouvir”, frisou. “Porque a pessoa pode achar que não tem nada importante a dizer, mas pode saber de algo relevante.”
“A nossa ansiedade é muito grande, nossa angústia maior ainda”, desabafou, reiterando que a sua colega de legenda não vinha sofrendo ameaças. “O crime contra Marielle é um crime contra a democracia e precisa ser esclarecido, porque pode estar colocando várias outras pessoas em risco”, alertou. “Mas é claro que há um tempo para que isso aconteça, precisamos ter calma, afinal a investigação está sendo feita, a prioridade é grande, o diálogo entre a família, a equipe e a polícia é fraterno. Não podemos achar que o caso vai ser resolvido no tempo da nossa angústia.”
Pistas
Até a manhã dessa terça-feira, o serviço Disque Denúncia do Rio de Janeiro já havia recebido ao menos 40 notificações referentes ao assassinato de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes, cometido por um ou mais atiradores por volta das 21h30min do dia 14 (quarta-feira) em uma rua do Centro da capital fluminense.
Segundo as autoridades, todas as informações estão sendo checadas. A polícia também busca os registros das ligações telefônicas feitas no dia do crime, no trajeto percorrido pelos assassinos durante os minutos que antecederam a execução. Ao todo, a região conta com 26 antenas telefônicas de cinco operadoras.
Manifestação
No fim da tarde dessa terça-feira, ao menos 2 mil pessoas se concentraram em frente à Igreja da Candelária, na região central do Rio de Janeiro, em um ato para lembrar o sétimo dia das mortes de Marielle e Anderson. Em seguida, o grupo fez uma caminhada até a Cinelândia, onde um ato ecumênico foi realizado às 19h.
Anielle Silva, irmã da vereadora, defendeu a sua atuação: “Ela lutava pelos direitos humanos de todos”. De cima do carro de som, ela aproveitou para refutar os ataques e “fake news” disseminados contra a parlamentar do PSOL nas redes sociais e agradeceu pelo apoio que tem recebido nas ruas e na internet. E encerrou sua fala apontando para o público presente ao ato. “Não vou abandonar vocês”, enfatizou.
Diferentemente da vigília que levou milhares de pessoas à frente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro na quinta-feira passada, o ato contou com bandeiras de partidos de esquerda e discursos políticos contra os governos federal, estadual e municipal. Gritos de “Fora, Temer” e contra a intervenção militar na segurança pública do Rio puderam ser ouvidos. O fim da Polícia Militar também foi aclamado por boa parte dos manifestantes.
