A crise provocada pela paralisação dos caminhoneiros e a lenta retomada da economia aumentaram a impopularidade de Michel Temer. Segundo o Datafolha, 82% dos brasileiros consideram seu governo ruim ou péssimo.
A taxa de reprovação aumentou 12 pontos percentuais desde abril, quando o presidente era rejeitado por 70%. Com isso, Temer bate seu próprio recorde como presidente mais impopular desde a redemocratização do País. Em setembro, ele atingira 73%.
Segundo o levantamento, realizado pelo Datafolha na quarta-feira (06) e na quinta-feira (07), após a paralisação dos caminhoneiros, apenas 3% dos brasileiros consideram o governo Temer ótimo ou bom. Outros 14% acham sua gestão regular.
A impopularidade de Temer cresceu em todas as faixas de renda e escolaridade, e nas cinco regiões do país. No Nordeste, o presidente é rejeitado por 87%. No Sul e no Sudeste, o índice é de 80%. O presidente abriu seu governo rejeitado por 31% dos brasileiros, mas o percentual subiu já nos meses seguintes, após a adoção de uma agenda de aperto fiscal e com o envolvimento de seu grupo político em escândalos de corrupção.
Em 2017, após a delação da JBS, o presidente alcançou 69% de reprovação. O índice subiu levemente depois que Temer foi denunciado por corrupção e ficou praticamente estável até voltar a subir agora.
A pesquisa mostra também que as Forças Armadas são a instituição em que a população deposita mais confiança, embora o índice tenha apresentado uma ligeira queda. O percentual de entrevistados que diz confiar muito nos militares passou de 43%, em abril, para 37%. Outros 41% dizem confiar um pouco na instituição e 20% não confiam. Os índices de credibilidade mais baixos foram registrados para partidos políticos (68% não confiam), o Congresso (67%), e a Presidência (64%).
Segundo o Datafolha, 14% confiam muito e 43% confiam um pouco no Supremo Tribunal Federal. Outros 39% não confiam na corte. A imprensa tem a confiança total de 16% dos brasileiros, enquanto 45% dizem confiar um pouco e 37% não confiam na instituição.
Filha
Documentos em poder da PF (Polícia Federal) comprovaram o uso de dinheiro vivo no pagamento da reforma da casa de Maristela Temer, filha do presidente Michel Temer. Maristela Temer em 2010, durante jantar oferecido a seu pai, Michel Temer.
Um depoimento de um fornecedor liga um depósito de R$ 56.500,00 em espécie a um contrato assinado por Maristela. E um extrato bancário mostra que esse depósito de fato ocorreu conforme o contrato acordado. O valor seria a primeira parcela de uma prestação de serviço para a obra no imóvel dela, em São Paulo.
O mesmo depoimento afirma que o pagamento em espécie ocorreu a pedido da arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente e suspeito de ser intermediário de propinas para o emedebista. Os papéis foram entregues à PF por Antonio Carlos Pinto Júnior, que prestou depoimento no dia 29 de maio. O jornal Folha de S.Paulo teve acesso ao material. Sua empresa, Qualifac, Fac Comércio de Acabamentos Ltda, foi um dos fornecedores da obra de Maristela.
A reforma é investigada pela PF sob a suspeita de que o presidente tenha lavado dinheiro de propina com reformas em imóveis de familiares e em transações imobiliárias em nomes de terceiros, na tentativa de ocultar bens. Temer nega as suspeitas.Entre os papéis entregues pelo fornecedor está o contrato de prestação de serviço entre a empresa e Maristela. Ela assina o documento ao lado de Pinto Júnior.
No cabeçalho do orçamento aparece o nome da mulher do coronel. O documento detalha o orçamento de R$ 120.960,00, prevendo uma entrada no valor de R$ 56.500,00, no dia 11 de julho de 2014. Pelo contrato, esse pagamento de R$ 56.500,00 seria feito por meio de “depósito em dinheiro” em uma conta do Citibank. O extrato da empresa informa que no dia 11 de julho de 2014, conforme estipulava o contrato, foi feito um depósito em espécie neste valor.
No depoimento à PF, o fornecedor afirmou que Maria Rita, mulher do coronel Lima, pediu para pagar a primeira parcela em espécie. Segundo ele, ela “insistiu” para repassar em dinheiro vivo os recursos. “O que não foi aceito pelo depoente, pois não aceita essa prática de recebimento em espécie em sua loja”, diz trecho do depoimento.
