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A destruição da safra de laranja pelo furacão Irma nos Estados Unidos abre mercado para o Brasil, dizem especialistas

Brasil tem participação de 23% no suco de laranja consumido pelos norte-americanos. (Foto: EBC)

A destruição dos pomares de laranja do Estado norte-americano da Flórida pelo furacão Irma, em meados de setembro, poderá beneficiar os produtores brasileiros. Isso porque para suprir a demanda, o mercado dos Estados Unidos deve importar mais suco do Brasil, o maior produtor mundial, segundo especialistas.

O furacão atingiu a Flórida no dia 10 do mês passado, inundando bosques e arrancando frutas das árvores antes que estivessem prontas para a colheita. Assim, em uma semana o preço do suco subiu 6,2% na Bolsa de Nova York, considerando-se os contratos com vencimento em novembro. A colheita da safra norte-americana de laranja começa neste domingo e termina em 30 de setembro de 2018.

“O impacto do furacão ainda não foi exatamente mensurado, mas haverá perdas grandes, estima o diretor-executivo da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), Ibiapaba Netto. “O cataclismo passou antes das estimativas da safra 2017/2018, quando a gente vai poder quantificar a perda” declara. A primeira contagem deve sair em meados do mês de outubro.

De acordo com o engenheiro agrônomo Maurício Mendes, membro do GConci (Grupo de Consultores em Citros), os pesquisadores da Universidade da Flórida tem apontado uma quebra de 50% a 70% da safra na região.

Impacto

O mercado norte-americano já foi o principal consumidor do suco brasileiro, mas perdeu lugar para Europa. Agora, com o furacão, o mercado dos Estados Unidos deve ampliar a demanda pelo produto brasileiro. A CitrusBR prevê que, independentemente do tamanho da perda, os Estados Unidos precisarão importar mais suco do Brasil.

“Os Estados Unidos voltam a ter um protagonismo maior porque a produção deles deve ser comprometida. Mesmo que haja diminuição no consumo, eles vão precisar comprar mais laranjas de nós”, declara Mendes.

O Brasil tem uma participação de 23% no suco de laranja consumido pelos norte-americanos. Diante desse cenário, ganha uma nova possibilidade de venda. “Nós somos o principal fornecedor de laranja dos Estados Unidos e um dos únicos que consegue suprir essa demanda. Se isso acontecesse no ano passado, quando os estoques estavam baixos, o Brasil não teria oferta suficiente”, aponta a especialista em citricultura Fernanda Geraldini, da USP (Universidade de São Paulo).

Apesar da alta dos preços no mercado futuro, o produtor brasileiro não venderá o produto por valores maiores, necessariamente. “O mercado dos Estados Unidos é muito voltado para si mesmo e 70% do que a gente vende vai para a Europa”, afirma Ibiapada. “Por conta disso, apesar da alta da cotação da laranja no mercado americano, o suco brasileiro não será necessariamente valorizado”.

Supersafra

O potencial crescimento das exportações para os EUA chega em boa hora para os produtores brasileiros. A safra nacional de laranja de 2017/2018 será uma das maiores dos últimos tempos e deve chegar aos 374 milhões de caixas, com um crescimento de 52,5% com relação à anterior.

De acordo com a CitrusBR, é uma safra bastante robusta, ainda que a anterior tenha sido ruim. Essa safra será suficiente para elevar os estoques que vinham baixos.

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