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A Fifa é acusada de exagerar o valor da Copa de Clubes

Ex-presidente da Conmebol disse que a Fifa criou a falsa esperança de que o torneio, previsto para estrear em 2021 na China, renderia bilhões de dólares. (Foto: Fifa/Divulgação)

Um dos dirigentes mais poderosos do futebol acusou a Fifa, órgão que rege o esporte no mundo, de exagerar o potencial finaneiro da Copa do Mundo de Clubes, uma competição cuja remodelação vem dividindo executivos do esporte pelo mundo.

O presidente da Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Domínguez, disse que a Fifa criou a falsa esperança de que o torneio remodelado, previsto para estrear em 2021 na China, renderia bilhões de dólares. “Os clubes estão esperando um monte de dinheiro, mas não tenho tanta certeza de que o mercado vai dar esse dinheiro”, disse Dominguez, em entrevista ao Financial Times. “Estamos criando expectativas nos clubes e não acho que estejamos em condições de garantir-lhes que o dinheiro vai estar lá”.

Os comentários revelam as crescentes tensões entre dirigentes e o presidente da Fifa, Gianni Infantino, que já se desentendeu com a Uefa, órgão que rege o futebol europeu, quanto a seus planos para ampliar os participantes da atual Copa do Mundo de Clubes de 8 para 25 equipes.

Infantino conversou secretamente em 2018 com um consórcio de investidores, entre os quais o japonês Softbank, que se comprometeu a investir U$$ 25 bilhões em um empreendimento conjuto que administraria o torneio remodelado, assim como uma nova competição entre equipes nacionais. Desde então, contudo, o consórcio encabeçado pelo Softbank perdeu o interesse, o que levou a Fifa a lançar em dezembro um processo de leilão para vender os direitos comerciais do torneio.

O interesse do grupo de private equity CVC Capital Partners, que também manteve conversas para financinar o torneio, também esfriou, segundo fontes. Infantino irritou dirigentes europeus e sul-americanos ao sinalizar que as empresas que ganharem os direitos poderiam ditar mudanças radicais no torno depois de 2021.

Nos documentos do processo de leilão, aos quais o Financial Times teve acesso, a Fifa escreve aos possíveis ofertantes que se “uma parte interessa desejar, também pode submeter uma proposta para edições futuras do torneio (que atualmente está previsto para ocorrer a cada quatro anos) e pode incluir sugestões de parâmetros alternativos para o torneio, incluindo a frequência, formato, processo de qualificação e participação de equipes”.

Executivos da Uefa temem que a nova Copa do Mundo de Clubes poderia acabar concorrendo contra a Liga dos Campões da Europa, considerada atualmente o suprassumo em torneios de clubes, que gera cerca de €2,5 bilhões em direitos de transmissão e patrocínio a cada ano.

Domínguez disse ter ficado incomodado pela Fifa ter consultado, sem seu conhecimento, alguns dos principais clubes sulamericanos sobre o projeto. “Não somos contra a Copa do Mundo de Clubes; apenas queremos fazê-la do jeito certo”, disse.

Em fevereiro, dirigientes da Uefa e da Conmebol se reuniram e discutiram o lançamento de torneios alterantivos, como a ressurreição da Copa Internacional, um torneio de clubes que era disputado entre o clube campeão da Europa e o da América do Sul.

A Fifa contratou o banco americano Raine Group para encontrar possíveis financiadores para a Copa do Mundo de Clubes remodelada. Na semana passada, o The New York Times noticiou que o preço-alvo era de US$ 1 bilhão para o torneio inaugural.

O Raine Group, lideradp pelo executivo de banco de investimento Joe Ravitch, foi contratado por sua experiência em arranjar grandes negócios para grupos esportivos, particularmente nos EUA e na China, segundo uma fonte.

O banco assessorou as vendas do Ultimate Fighting Championship (UFC), por US$ 4 bilhões, para um consórcio que incluía o grupo de private equity Silver Lake e a firma de agenciamento de talentos Endeavor, e da equipe de basquete Los Angeles Clippers, por US$ 2 bilhões, para Steve Ballmer, antigo chefe da Microsoft.

Com pouco tempo para garantir o financiamento, outros altos dirigentes do mundo do futebol diesseram que a Fifa pode optar por um acordo com algum grupo local chinês que envolva apenas o torneio de 2021.

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