O setor supermercadista já começa a sentir em alguns Estados os efeitos da greve nacional de caminhoneiros contra o preço do diesel, informou nesta quarta-feira (23) a Abras (Associação Brasileira de Supermercados). As informações são da agência de notícias Reuters.
“Mesmo com o esforço do setor de supermercados para garantir o perfeito abastecimento da população brasileira, identificamos que alguns estados já começaram a sofrer com o desabastecimento de alimentos, e que isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito, declarou a entidade em nota.
A Abras informou ainda que vem se empenhando em sensibilizar o governo federal para que uma solução seja tomada imediatamente, evitando que a “população sofra com a falta de produtos de necessidades básicas e com uma eventual elevação nos preços”.
Exportações
Os impactos causados pelos protestos de caminhoneiros em todo o Brasil já se espalham por diversos setores da economia, provocam desabastecimento de produtos em algumas áreas e geram prejuízos com exportações não realizadas, situação que pode piorar com a decisão da categoria de seguir com as manifestações.
Um dos segmentos mais afetados é o agronegócio. A ABPA e a Abiec, associações que representam as indústrias de carnes, comunicaram que 129 unidades estão com as atividades suspensas em razão da falta de matérias-primas e insumos e que 90 por cento da produção nacional pode ser interrompida até sexta-feira, se os protestos continuarem.
“Deixaram de ser exportadas 25 mil toneladas de carne de frango e suínos, o equivalente a uma receita de 60 milhões de dólares que deixa de ser gerada para o país. No caso da carne bovina, são cerca de 1.200 contêineres que deixam de ser embarcados por dia”, disseram as associações em nota.
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carnes do mundo e começa a sentir também problemas na oferta doméstica em virtude das manifestações.
“Os estabelecimentos menores e de cidades pequenas ou regiões metropolitanas – que mantém um ciclo de entrega de produtos a cada dois dias – já estão com o abastecimento comprometido. Essa dificuldade pode atingir os grandes centros nos próximos dias.”
Com efeito, cooperativas produtoras de carnes do Paraná e até empresas maiores, como BRF, Aurora e Marfrig, alertaram entre terça-feira e esta quarta sobre a suspensão de atividades em diversas unidades.
“A suspensão da operação de abate e industrialização tornou-se inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impossibilita a passagem de caminhões com insumos necessários para abastecer as indústrias, aves vivas para o abate, expedição dos estoques para atender clientes e mercados a nível regional e nacional…”, afirmou Irineo da Costa Rodrigues, presidente da cooperativa Lar, de Medianeira (PR).
Os protestos dos caminhoneiros, contrários à alta do diesel começaram na segunda-feira e ganharam corpo no decorrer dos dias, abrangendo mais de 20 Estados. Representantes do movimento se reuniram com autoridades do governo na tarde desta quarta-feira, mas não chegaram a um acordo e afirmaram que vão manter a greve.
Combustível mais consumido no país, o diesel acumula alta de mais de 45 por cento desde julho do ano passado nas refinarias da Petrobras, na esteira de uma nova política de formação de preços da estatal que visa seguir o mercado internacional e o câmbio, entre outros fatores.
A empresa adotou uma política mais agressiva após perder mercado para importadores.
